quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A PRIMEIRA VEZ QUE ELA DISSE "EU TE AMO"


Cris: Olha Pedro, melhor a gente não avançar com essa história.
Pedro: É?

Cris: Eu já tô vendo que não vai dar certo.

Pedro: É?

Cris: É. Não vai dar certo, a gente é muito diferente.

Pedro: É?

Cris: Você não vê isso? É tão claro, é tão óbvio.

Pedro: É?

Cris: Claro, evidente, óbvio.

Pedro: É?

Cris: Pra começar você é um cara da noite. Adora ficar horas em um bar bebendo sem hora pra sair, depois vagar pelas ruas desertas da cidade, sem nenhum medo. Eu não. Eu sou do dia. Não bebo, adoro acordar cedo, ver o sol, passear, entende? Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: Você fala tudo o que pensa, não tem papas na língua. Eu não. Eu me preocupo com o que vou dizer. Eu acho que a gente deve ter cuidado com as palavras. Acho mesmo. Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: E tem uma coisa importante. Você morre de medo de elevador. Eu moro no décimo andar! E agora? Como a gente vai fazer? Isso vai ser um problemas nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: Você, Pedro, é formado em filosofia. Filosofia , entende? É muito cabeça pra mim. Tudo bem que estudo letras. Mas é diferente. As minhas histórias são diferentes de seus discursos, entende?
Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: Ah! Tem outra coisa muito importante. Muito mesmo. Eu sei que você é louco pelo mar, eu sei que seu sonho é ter uma casa em frente à praia. Mas e a minha casinha nas montanhas. Estrategicamente perto das cachoeiras. Cachoeiras, tá entendendo? Você ama o mar e eu tenho uma casinha nas montanhas. Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: agora, isso é muito sério. Você foi ca-sa-do! Você teve uma esposa, uma mulher, que morou com você por um tempo. E eu só tive namorados. São experiências muito diferentes, entende? Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: E para completar, você tem uma vida muito mais tranquila que a minha. Eu até te invejo o jeito que você leva a vida. Você medita, isso é incrível. Eu invejo pessoas que meditam. Porque eu eu, eu Pedro, não tenho tempo pra nada. Entendeu isso? Minha vida é frenética, eu estudo, trabalho, trabalho e estudo. E não consigo ficar sem fazer nada por menos de cinco minutos. Sou frenética, frenética, frenética! Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

(tempo. Cris com pesar)

Cris: É.

(silencio)

Pedro: É. (Tempo) Eu entendo você.

Cris: (decepcionada) É?

Pedro: Eu entendo a sua preocupação.

Cris: É?

Pedro: Eu também andei pensando sobre a gente. Sobre tudo isso aí que você falou.

Cris: É?

Pedro: Em como pode ser legal, eu acordar mais cedo pra você me levar para fazer um monte de passeios durante o dia e eu te mostrar como a cidade pode ser linda de noite, entre bares, músicas, e gente de todos os tipos.

Cris: É?

Pedro: Eu adoraria aprender a ter a sua delicadeza. Pra deixar meu modo de falar com as pessoas mais sofisticado, mas cuidadoso, como você mesma diz. Eu me espelharia em você, e você poderia aprender comigo a falar mais o que sente, o que pensa com os outros. Não deixarem as pessoas se aproveitarem da sua delicadeza e saber se colocar mais.

Cris: É?

Pedro: E é verdade. Eu morro de medo de elevador. Não sei o que acontece comigo. Só de pensar começa a dar brotoeja. Deve ser algum trauma de infância , sei lá. Mas só de saber que dez andares dentro daquela caixa pequena, significam você abrir a porta do seu apartamento pra mim e a gente passar uma noite maravilhosa juntos, eu encaro meu medo. (ri) O meu medo vira fichinha. Nada pode ser tão melhor que pegar o elevador pra te ver.

Cris: É?

Pedro: Eu adoro ficar filosofando pra você, aos quatro cantos e a gente conversar até não poder mais. E eu fico louco de alegria ao ver seus olhinhos brilhando quando você me conta uma história, um conto que você tá lendo, sua paixão pelas histórias, pelo ser humano. Meu discurso te inspira, suas histórias me apaixonam.

Cris : É?


Pedro: E fiquei pensando de eu te levar pra conhecer a melhores praias desse país, numa viagem linda pelo litoral, e você poderia me mostrar a serra. Eu adoraria conhecer sua casinha, deitados na rede comendo fruta fresca e nadando no rio.

Cris: É?

Pedro: E eu não cometeria os mesmo erros que cometi no casamento com você. Porque se tem uma coisa importante que aconteceu, é que eu pude me conhecer melhor, e isso pra mim é fundamental para construir uma relação. Eu tenho certeza que você deve ter crescido muito nos seus relacionamentos. Essa união de experiencia ia fazer da gente um casal incrível.

Cris: É?

Pedro: E eu acho o máximo essa sua dedicação frenética aos seus projetos pessoais, aos seus empreendimentos. Isso me ajuda com os meus projetos que também quero realizar. Eu poderia te ensinar a meditar pra te ajudar a ficar menos ansiosa. A gente poderia se dar bem nisso.

Cris: É?

Pedro: É. (tempo) Mas eu entendo que isso pode ser só uma idealização minha. Eu entendo o que você falou, o seu medo. E te respeito e não quero ser um problema na sua vida. Como você mesma disse, nossas diferenças são claras, óbvias e evidentes.

Cris: É?

Pedro: Bom, então eu acho melhor eu ir, né? É melhor, eu acho... (tempo) É... Então... Tchau.

(ele vai saindo)

Cris: Pedro!

(ele se vira pra ela)

Cris: Eu te amo.

FIM



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SEM DESPEDIDAS


Todo amor perdido    
é feito de abismos,
um diálogo inacabado.

É produto de um vazio,
uma falta inexplicável,
que só o tempo é capaz de transformar.

Será que depois de tantas voltas,
é possível reencontrar a fonte dos sonhos,
deixada pra trás?

Ou perceber um jeito
de olhar pra frente
sem que a ferida interfira no passo?


Pois a pior partida
é a sem despedidas.
É quando a morte chega
mesmo sem morrer.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

FRANCISCO E O MUNDO

Estréia amanhã!13/108/2011





FRANCISCO E O MUNDO
um espetáculo da Companhia Teatro de Nós
sábados e domingos, às 18:30h
de 13 de agosto a 25 de setembro
Centro de Referência Cultura Infância Teatro Municipal do Jockey
ingresso: R$ 20,00 (inteira)
classificação: livre
acessibilidade – sessões com intérpretes de Libras e audiodescrição
Intérpretes de Libras nos dias: 13/08 (Sáb.), 21/08 (Dom.), 27/08 (Sáb.), 04/09 (Dom.), 10/09 (Sáb.), 18/09 (Dom.) e 24/09 (Sáb.).
Audiodescrição nos dias: 27/08 (sáb.) e 18/09 (dom.).
Para mais informações, visite: www.teatrodenos.com

FICHA TÉCNICA
idealização do projeto e argumento: Diego Molina, Paulo Giardini e Renata Mizrahi
texto: Renata Mizrahi
direção: Diego Molina
produção: Maria Alice Silvério Lima
elenco: Alexandre Barros, João Vithor Oliveira, Marcia Brasil, Marino Rocha e Paulo Giardini
standin: Bruno Chaves
vozes em off: Eliane Giardini, Paulo Betti e Isadora Medella
cenário: Ana Machado / com colaboração de Aurora dos Campos
projeções cenográficas: André Rumjanek
figurino e visagismo: Bruno Perlatto
iluminação: Anderson Ratto
trilha sonora original e direção musical: Isadora Medella
direção de movimento e preparação corporal: Juliana Medella
design gráfico e ilustrações: Letícia Rumjanek
fotos: Pimenteira Laboratório de Ideias
assessoria de imprensa: Armazém Comunicação
intérprete de Libras: Jadson Abraāo e Davi do Rosário – JDL Acessibilidade na Comunicação
audiodescrição: Nara Monteiro – Cinema Falado
assistência de direção: Alexandre Barros
assistência de figurinos: Stefânia Ferreira
assistência de produção: Valéria Alves
cenotécnica Maranhão e equipe
costureiras: Márcia Jackson (figurinos) e Rosângela Lapas (cenário)
produção e realização: Companhia Teatro de Nós


domingo, 7 de agosto de 2011

DECLARAÇÃO DE AMOR E DESEJO

Eu quero ser a fonte dos novos sonhos
E poder correr livre sem olhar pra trás
A dor que me transformou, vou deixar no caminho
Pra permitir que o novo amor possa chegar com toda merecida honraria


Eu quero estar de olhos abertos bem atentos a tudo o que é novo
E aceitá-lo como um presente da vida
Que vou recompensar com toda a minha delicadeza
Cuidando daquilo que me faz feliz


Eu quero ser melhor e maior que tudo o que já fui
Para assumir as novas escolhas
E não ter medo de me soltar no vento
Que me leva par um novo lar


Eu já sinto a veia vibrar novamente
E ouço o corpo falar
A troca mais perfeita
É o desejo de estar junto sem se preocupar.

Para F. L. L.