sábado, 15 de agosto de 2015

BRASILEIRA




Eu quero é mesmo 
Me jogar nessa terra
Não quero ir pra fora
Que é dentro que vou descobrir
O quanto sou caipira, caipora, judia filha de orixá
O quanto essa causa me devora
Do norte ao sul, me arrebento, me arrebato
Com olhar do barbeiro numa sexta feira
No meio de Pelô de Salvador
Cantando sertanejo e sorrindo pra quem passar
Eu quero é correr pro interior
Ser poeta e rimar
Como Patativa me falou
Que se a gente tem a seca
Tem também a bacia hidrográfica
E se tá ruim pra ti, cante aí
Que eu canto cá.
Eu quero é namorar os Vadinhos de Amado
E descobrir as Baleias de Graciliano
Ser Tom Zé de Irará
Correr pelos sertões de Guimarães
Me jogar no mar de Dorival
Transgredir com Almir Sater no carnaval
Se nasci aqui, vou ficar
Te conhecer por inteira
Pra me mudar e te mudar o quanto puder
Pra gente se olhar e se reconquistar
A cada crise vou chorar
A cada morte lamentar
Mas não vou desistir de você
Sofro por te amar
E te amando mais que eu possa imaginar
Vou lutar por ti
Até morrer.



quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Saens Pena



Que bate no auge de graça
O pandeiros no bonde
Anuciam na praça
Festa de reis
Cheio de gente
De fé
Querencias de ser
Vendendores de flores
Balas de café
Pra aguentar
O meio dia
 E o sol inquieta
Os escritórios cinzas
Luz de neon branca
Que empalicede os desejos
E imoraliza