domingo, 31 de julho de 2011

MÍNIMO PENSAMENTO PARA UM DOMINGO

O tempo é raro e não dá espaço para o temer

Quero estar onde estão os sonhos desse novo lugar que construo

Como um trem, que anda veloz pelo caminho misterioso



Mesmo sem saber o que virá

Eu posso ir além da curva

Sem sentir pavor ou pesar



Vou descartar muita coisa no caminho

Sem me culpar

Porque isso também é parte do avançar

domingo, 24 de julho de 2011

DOIS

(UM)
Ele é noite,
Ela é dia
Ele é etílico
Ela é chocólatra
Ele é o excretor
Ela é a poetiza
Ele fala tudo o que pensa
Ela é relações pública
Ele não tem medo da boemia
Ela não tem medo de elevador
Ele ia de fusca para a Macumba
Ela ia de monza para o Pepê
Ele não completou Filosofia
Ela não completou História
Ele quer ter uma casa no mar
Ela tem uma casa nas montanhas
Ele morou fora
Ela nunca saiu da cidade
Ele teve uma esposa
Ela teve namorados
Ele leva a vida tranquila
Ela não tem tempo pra nada
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele
Mesmo assim
ou

(DOIS)
Ele quer aproveitar com ela o dia
Ela quer descobrir com ele a noite
Ele quer ser mais saudável
Ela também
Ele aprende com ela a delicadeza
Ela aprende com ele a mostrar seu lado obscuro
Ele quer medir mais suas palavras como ela
Ela procura dizer o que pensa como ele
Ele quer pegar o elevador até décimo andar para vê-la
Ela quer andar à noite pela boemia de mãso dadas
Ele gosta de ter ido de fusca pra Macumba
Ela ama a sua infância na praia do Pepê
Ele adora filosofar para ela
Ela é apaixonada pelas histórias que conta para ele
Ele se conheceu melhor no casamento
Ela cresceu nos relacionamentos
Ele morou em muitos lugares
Ela quer conhecer esses lugares
Ele vai levá-la para a praia
Ela vai levá-lo para a serra
Ele quer se dedicar mais aos seus projetos
Ela quer ter mais tempo para passar com ele
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele

Exatamente assim...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O PALHAÇO E A BAILARINA

A poesia é a síntese das palavras. É aquilo que o acaso imaginou. É o êxtase que faz do real a maravilha. É o impossível que já se realizou .

O palhaço encontrou a bailarina. E num instante o tumulto se esvaiu. Era como se o mundo fosse um pingo. E a solidão da folia sucumbiu.

O palhaço cumprimentou a bailarina. A bailarina pela primeira vez chorou. Não chorou por medo do palhaço. E sim porque finalmente alguém sorriu.

O palhaço não sorriu por estar bêbado. Muito menos por causa do batuque ensurdecedor. Se sorriu foi porque viu na bailarina, a beleza escondida atrás da dor.

Eles eram colegas de trabalho. Mas no trabalho nem diziam “oi”. A opressão do corporativismo rompe. E no carnaval sem perceber ela se foi.

Ele pede a mão da bailarina. Só queria dançar pelo salão. Já eram mais de cinco da matina. O clareza dispensava a escuridão.

A bailarina já não tinha sapatilha. Eram apenas pequenos pés no chão. Mesmo assim rodopiou feito Ana Botafogo. E o palhaço não soltava a sua mão.

Eram apenas colegas de trabalho. Mas agora eram homem e mulher. O palhaço a bailarina dançam. Ele se chamava Paulo e ela se chamava Ester.

O momento transforma tudo em eternidade. E num instante o que não era transformou. O palhaço quis beijar a bailarina. E cautelosa por fim ela deixou.

Eles eram colegas de trabalho. Mas agora pertenciam ao carnaval. O palhaço e bailarina juntos. Eram como a lua completando o sol.

De repente a multidão invade. E o salão parecia explodir. O palhaço e bailarina correm. Quem sabe já não era hora de partir?

Eles param em frente ao horizonte. Rio de janeiro, praia, mar, calor. Quarta Feira de Cinzas vem surgindo. E com ela se consome o amor.

Amanhã é dia de trabalho. Quem sabe eles já se digam “olá”. Mas se não, o que importa é o hoje. O agora é que vai ficar.

Daqui a pouco eles vão se despedir. Esse momento deve acontecer. O palhaço e a bailarina juntos. Isso nunca iriam esquecer.


O palhaço amanhã é Paulo. A bailarina talvez seja Ester. E quem sabe nem se digam nada. Porque Paulo não sabe quem ela é.

Mas quando Paulo for palhaço. E Ester quem sabe bailarina. Dancem juntos por toda eternidade. Agora sim. Como homem e mulher.

FIM

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TANTO QUERER

- Eu te quero!

- Eu não te quero agora!

-  Não?

-  Mentira, te quero agora.

-  Mas agora eu não!

- Por quê?

- Me dá a lua primeiro.

- Só tenho o sol.

- EU quero descanso de janeiro.

- Prefiro o caos do carnaval

- Eu quero ir embora.

- Eu te quero mal.

- Eu vou embora então.

- E eu te quero bem.

- Me solta.

- Eu te amo.

- Tanto tempo juntos

- Quanta harmonia.

- Adeus.

- E eu te quero sem fim.

- Mesmo eu querendo tudo?

- Até o que não há em mim.

(Se beijam.)

FIM







Namoradinhos


Só com você 

E é com você

Que eu gosto

De estar

E deixar crescer

A vontade de ver

De caminhar

Só para parar e beijar

E sorrir

E rir com os olhos

Vamos viajar

Vamos nos espalhar pelos cantos

Tomando um vinho

Redescobrindo a cidade

O Centro, Glória, Catete, Largo do Machado, Ipanema, Copacabana...

Passeando nas nossas histórias

No querer contar

No querer ser

A gente juntos

Passo a passo

Seguindo em um, seguindo em dois...


sábado, 2 de julho de 2011

ALMA

A alma do artista é uma pedra preciosa.
Já nasceu livre.
E quando presa, sofre.
Se domada, chora.
Sem espaço, morre.