sexta-feira, 30 de maio de 2014
vagueio
Rasgo invisível da pele
Me perdi em fantasia
Olhos que vagueiam
Em meio a rua fria
Sonhei com a saudade
Pensei que era pedra
Mas a pedra é o que me guia
Cai dos meus olhos um pingo de água nela
Sou mesmo é poesia
Sonhei com a saudade
Ela
Me escrevia
Me sentia
Me possuía
Resgato a coragem
Pra te dizer
Que não posso me matar
Antes de morrer
sábado, 17 de maio de 2014
impressões de um caminho
I
Era
lua cheia quando sorriu por estar se permitindo.
II
A
mochila cai enquanto pega o caderninho. E enquanto pega a mochila, cai o travesseiro
junto com o papel de turista. Ao pegar, esbarra na moça do lado que nunca ouviu
falar em simpatia. Não sabe se guarda a mochila, receio de ter que pegar toda hora
a alguma coisa inútil. Mas guarda. E se arrepende. A moça ao lado dorme e não
vai querer dar passagem. Tudo bem, a vista tá linda. Aqui em cima é verão,
embaixo correntezas de rios desenham a terra. A mulher ao lado é escritora.
Tento enxergar o que ela escreve. Não é poesia, não é ficção. Mas escreve tanto
que tomei pra mim como um desafio. Ela nunca saberá. Estou realmente bem.
Cansada. Acho que não dormi mais que 3 horas durante dois dias. A viagem é
longa. Etapas, espera. Prazerosa solidão. Tava chovendo no ônibus. A janela da
madrugada mostrava manchas de luzes das ruas. E a musica do rádio, a fazia
fantasiar peculiaridades deliciosamente proibidas. Sem sono, foi até o ponto
final. Agora do céu, impossível ignorar
o verão lá fora. O funcionário da Cia. Aérea já foi de trem para a Bolívia e de
barco de Rondônia para a Colômbia. Rápida
conversa em meio ao check in. Ele deu a janela que tem a visão da Cordilheira
dos Andes.
Força
da pedra que brota
E pulsa
na cabeça mansa
Germina
nos olhos
Apagados
Muda
a luz branca do avião.
O aeroporto
dessa vez não a inquietou.
III
Viva
Neruda!
LIMA
I
Caminhar
e me misturar na cidade, na praça.
E
agora não pertenço a lugar nenhum.
O
que me comove são os detalhes
Dessa
cidade que foi construída em cima de outra
Me
olho e não me reconheço mais
Mudei
de roupa.
II
No
museu leio uma frase que me remete a que não consegui falar no recente passado.
Saio totalmente do presente. Meus olhos desfocam por uma eternidade. Meu corpo
eletriza. E o que me traz de volta é a tosse de um senhor que a tosse é o mesmo que pedir para sair da
frente do quadro que quase virou meu por usucapião. Continuo a expedição. Hoje
estou arqueóloga.
III O Templo
Tempo
e espaço é o cosmo
O
cosmo é o todo
E
o todo é
IV TPM
Preciso
sair daqui!
Preciso
chegar no hotel!
Estou
exausta!
Agora
tenho 5 anos e bato o pé no chão fazendo pirraça.
A van
parada no transito me mata
Eu,
monstro, preciso sair.
E
saio!
O
caminho e me acalma
O
tradicional churros de 1968 é meu remédio, minha transgressão.
Chego
aliviada.
Depois
vem a culpa.
E
eu mesma, o padre, me dou a redenção.
V Presença ausente de Morena
Cláudia
e Tina (o nome dela não é Tina, eu esqueci) são doces, inteligentes e
generosas. Me buscaram no hotel e fomos passear pelas galerias de artes, que curiosamente,
todas, estavam expondo fotos de Machu Pichu. Disse que foi por minha causa. Elas
riram e ali, ficamos amigas. Claudia e Tina são lindas. Tina é andina, nasceu
em puno, 3800 metros de altitude. Traços fortes, inca, índia. Ri como uma
criança, um sorriso genuíno de felicidade. Como se saísse de dentro de uma tela
de um filme latino. Claudia tem o olhar de quem lê muito. Inteligente e um
pouco sofrida (eu deduzi). Grande olhos amendoados. E eu, a gringa, que apesar
de brasileira me acham italiana, fiquei toda boba a lado delas. Amigas de Lima.
No restaurante rimos. Mulheres cúmplices em qualquer lugar do mundo.
E com
a gente, Morena. Na presença ausente da amiga que nos apresentou, brindamos. As
quatro.
Sonhei
muito essa noite.
PUNO
I
No sonho eu pergunto para Morena
Onde
estamos?
Subitamente
abro os olhos.
No
céu.
II
Giane,
o recepcionista, na despedida no aeroporto de Lima:
Renata,
a única coisa que você precisa na sua caminhada é o pensamento postivo.
O
que precisamos na nossa caminhada: O pensamento positivo.
Aide,
a recepcionista de Puno: Renata, na caminhada, esquece a dor.
Conclusão
Giane
+ Aide = na caminhada esquece a dor e pensa positivo.
Renata:
Amém!
Impressões no aeroporto de Juliaca
A
calma
A
força
A
plenitude
Meu corpo nasceu na cidade
Mas
é da Serra a minha alma.
II
Oxigênio
3800
metros de altitude
Pensamento
positivo
Comigo
não
Não
vou sucumbir
Mas
como?
Dor
de cabeça começa
Me
falta oxigênio
Folha
de coca
A
cidade é linda e confusa
Muita
informação
Estou
fascinadas com as Chollas
As
cores.
Aos
poucos vou virando andina
Um
chale, um gorro, uma bolsa, um sombrerito vermelho
Vermelho!
Aos
poucos viro andina
Caminho
e me misturo
Não
posso andar muito
Me
falta ar
Passo
numa escola
Mulheres
andinas e crianças jogam bola
Como
conseguem?
Preciso
voltar
Sopa
de quinoa
No
hotel, um problema de trabalho
Daqui,
sem oxigênio o problema se torna maior
O
sofrimento da falta de ar potencializa tudo
Mas
preciso me colocar
Quando
nasci de verdade, dei a cara a tapa
Quando
dei a cara a tapa, nasci de verdade
Me
coloco com delicadeza.
As
recepcionistas falam lento e calmo
Todos
são um pouco assim
Aprendo
com elas
E
é difícil dormir sem ar
Acho
que vou morrer
Mas
sonho
Demais.
III
Místico.
Quatro
mundos incas se mostram na minha frente
O
debaixo da terra, o mundo que vivemos, o mundo espiritual e o mundo dos mortos
Pelas
ilhas de Uros eu navego.
Em
meio a todos descalças, não posso usar sapato
Os
pés livres me conectam com a palha
Eles
se auto sustentam e vivem de arte
Comprei
um artesanato
Sobre
os 4 mundos místicos
Ainda
sinto muita dor de cabeça
Mas a desafio, luto contra, não vou deixa-la
estragar meu dia
Que
está lindo
Seco
e belo
O
lago Titicaca é um poço de lendas e histórias
Lo
hombre pergunta-me: chica estás sola?
Que
pergunta!
Estou
com um mundo de gente que amo na minha atmosfera
Estou
com todas as pessoas que eu sou ao mesmo tempo
Estou
com medo e coragem e dor e alegria
Estou
tão eu e tão não eu... E tanta... coisa...
Não
estoy sola, ahora estoy com usted, compreende?
Sí,
compreendo.
O
hombre disse sí, comprrendo
E
eu não o compreendi por um momento
Mas
se estamos num lago místico
Sí,
compreendo.
XIV
O mundo dos mortos
E nas
Chulpas sagradas me curei
A
dor de cabeça passou ao começar a caminhar
Ali
se enterraram os xamânicos, os sábios, sacerdotes...
De
tempo pré inca...
E
com eles vão seus objetos e pessoas queridas, que e pra quando retornarem ao
mundo, encontrarem o que mais querem
E
o vento, a paisagem, a conversa com a doce Mariangela
Curam
Me
sensibilizo
Adormecidos
despertam do mundo dos mortos
Despertam
em mim
Não
a toa
Do
mundo dos mortos
Eu
revivo a morte
Sinto
toda a força dela
Choro
E
a desafio
Não
vou deixa-la ganhar
Já
venci
Expulso-a
de mim
Depois
Caminho
Devagar
xv
E
no caminho, uma casita
Uma
família que se auto sustenta me acolhe
Como
papas cozidas
Me
contam histórias
Eu
conto histórias
A
dor passou
Já
sou daqui
ESTRADA
I
Parti
me jogando na estrada
Pisando
com passos tão fundos
Andei
até outras moradas
Enquanto
o amor despertava
Me
vi do outro lado do mundo
Tentando
entender outras falas
Sou
eu que construo o segundo
E
o fim da história não acaba...
Panchamama
A
deusa de tudo
Me
pergunto
Que
homens são esses?
Quais
mistérios estão no passado
Que
no presente são todos mistérios?
E
esse povo tão mesclado
É
da cultura inca que vivem, mas é na igreja que rezam
As
ruínas, as cerâmicas, as casas sagradas...
Será
que todos aqui conhecem seus passados?
Ou
apenas esse guia, que estudou para contar essas histórias?
Mas
se nas casas há ou touritos,
A arquitetura
antiga,
Ocas
de pedras baixas,
Há
a tradição.
Há.
Mas
com a culpa cristã.
Há.
O
caminho de Puno para Cuzco é lindo.
III
Súyang
33
anos, escritora sobre os amores, coreana, bonita, viaja sozinha
pelo
mundo recolhendo depoimentos, há um ano, desde que sofreu de amor, se separou e
caiu na estrada.
Conheci-a
no ônibus. Almoçamos juntas.
Ficamos
amigas de viagem.
IV
Igrejas
Com
todo o respeito por sua austeridade
Mas
me dói o peito
Por
mais linda que seja
Entrar
numa igreja
Construída
em cima de um templo
A
destruição de uma cultura
A
imposição de outra
Não
é disso que se trata a espiritualidade
Em
todas as épocas, por todo el mundo
Os
homens aprendem e desaprendem
E
assim vamos construindo a história...
V
E
de repente, após um descompromissado carinho
A
Lhama me ama!
E
sem mim não quis ficar
Depois
de muito brincar com a lhama
Disse:
Tá bom, agora vai pra lá.
Mas
ela não queria me largar!
Tentei
me despedir
Ela
me seguiu
Disseram
que era meu cheiro
Será?
Me
senti woody allen naquele filme que esqueci o nome agora
com aquele carneiro
A
lhama se apegou
Tive
que ser um pouco brava: “já deu lhama, tenho que ir”
Ela
baixou a cabeça
Desistiu
Fragilizada,
quase a levei comigo.
Mas
tive que partir.
IV
No
céu tem um rosto que chora
Memória
que pouco durou
Semente
plantada germina
Meu
todo já se transformou
O
rio que se distancia
Me
faz encontrar outras fontes
Os
pés viajantes sedentos
Tentando
alcançar o horizonte
Se
o mundo por fora é tão grande
Por
dentro o medo desata
Sou
eu o maior navegante
De
um sonho que a vida acata.
CUZCO
I 19-05-2014
Você
vai fazer a trilha sozinha?
Vou.
Que
coragem!
Você
também vai?
Sim.
Também
é corajoso.
Mas
eu sou homem.
II
Coreana e Brasileira
Uma
coreana janta com uma brasileira
E
descobrem tantas semelhanças
Que
uma aprende mais com a outra do que pensam.
Súyan,
a viajante, tem um amor em cada parte do mundo
Renata
se fascina com as histórias
Comem
e andam pela plaza.
Procuram
fugir do turismo selvagem.
Encontram
outra plaza.
Essa
sem turistas - fora elas.
E
no meio, um teatro de rua.
Se
misturam.
É
um show de comédia, meio tosca
A
brasileira ri.
A coreana
não entende.
Tá
frio, vamos caminhar mais?
E no
caminho encontram Mamani, 72, pintor
Católico
fervoroso, vive da arte inca, dos 4 mundos espirituais
Dos
símbolos sagrados
A
brasileira se encanta com ele e compra um desenho
Pensa
onde colocar
Enquanto
a coreana conversa com Mamani sobre seu trabalho
El
amor
Mamani:
o que me desperta o amor é o ser, o caráter, não a aparência. Amo pelo coração,
não pela mente.
Súyan
anotou
Renata
gravou
Pensaram
em sair pra dançar
Mas
se despediram na esquina
Estavam
exaustas
IV
A
natureza é a minha religião
E
enquanto nela, choro de amor
Entendi
Seria
eu também dos povos que sabiam valoriza-la
Sou
da terra
E
com os templos incas me identifiquei
Porque
é pra fora e sincroniza com os astros
A
terra, o sol, a lua.
Os
4 elementos
A
vida pulsante
A
água
O
Deus que está dentro do coração e da mente
O
espelho que revela seu interior
O campo
energético da Terra
Sou
indígena disfarçada de judia
III
Silvia
Uma
grande mulher no pequeno corpo
Me
fortalece
Me
explica
Me
compreende
A
mulher nascida na floresta
Guia
mística
Ensina
que o cabeça deve estar sempre em direção ao sol
E
o poder de eu estar aqui agora
Dessa
maneira
Assim
Não
existe o acaso
Ela
vai andar comigo
Leu
as folhas de coca pra mim
Meu
passado, presente e futuro
Eu
a abracei, emocionada
Agora
ela é minha Panchamama
Tivemos
uma linda manhã nos templos
Tão
forte
Que
precisei ficar um pouco sozinha
Para
escrever simples
IV
VI
Limpa
Eletriza
Aduba
Desperta
Inquieta
Recicla
Rojo
Rubro
Vermelho
Sangre
VII
A Turista
Esta tarde
Não
consegui falar com Súyang
Mas
achei um pouco bom
Hoje
queria ser turista sola
Depois
de tanta informação
Momento
de reverberar
Em
silêncio
E
caminhar
Pelos
museus históricos
As
ruas...
“senhorita,
compra!
Amiga,
compra!
Compra!
Compra!”
Os
incas foram destruídos
Mas
geraram muita economia
Pra
cidade
Que
cresce mais que deveria
Las
personas hacem hijos
Mutchos
Os
campesinos deixam a agricultura
Viram
artesões
E
param de se auto-sustentar
Ahora
dependem de plata
Compra!
Compra! Mira! Mira!
E sí,
compro algumas coisitas
Nem
sei se vou usar
Com
medo do frio na trilha de noite
Compro
outro casaco, uma luva melhor que a minha
Meias
melhores
Tapa
nariz, tapa boca
O
frio me amedronta
Me
equipo para vence-lo.
Caminho
mais
Saio
do circuito turístico
Café
com empanadas
Chocolate
original de Cuszco
E...
Uma
casa de dança folclórica
Na
porta, uma enorme fila
Turistas
de toda parte do mundo
A
torre de Babel era pra ser ali.
Pero
tambien soy turista!
Dane-se!
Entrei
na fila
Vi
o show.
Homens
e mulheres dançam
Me
encantei, assim como os coreanos na minha frente
Os
franceses atrás
O inglês
de um lado
E
a mineira do outro.
Tantas
histórias
Queria
trocar ideia.
Mas...
Estão
cerrados,
Ou
de cabeça baixa olhando as fotos que tiraram durante o dia
Me
fui.
Hippies
tocam música na plaza
“Olá, italiana!”
Era
comigo.
VIII
Insônia
É
quando o pensamento vira obsessão e não te deixa dormir
Ou
Aquilo
que você não resolveu invade seu pensamento na hora de dormir.
Ou
Calor,
frio, calor, frio... Desejo de já ser de manhã. Conto as horas para o desayuno.
No
sonho, a chica indígena quer tentar uma carreira na Cidade em vez de casar aos
17 anos, como acontece com todas as chicas campesinas. Mas se apaixona por un
hombre mais velho de seu povoado, que quer muito um filho. Os dois vão para o
sítio arqueológico conhecido como “el escorrega do amor”. Tempos depois a chica
fica grávida. Vai ter que casar com el hombre, como manda a tradição. Mas a
Chica não quer. Os dois se casam.
?
O
quarto desse hotel não me agrada muito. Tá sem internet, pelo menos a TV tem
canal a cabo. Pego o controle e viro rainha.
VALE
SAGRADO
I
CAMINHO PISAQ
Hoje
estou muito emocionada
Cada
vez entendo mais o amor
O
amor por todas as coisas
E
a vontade de compartilhar
O
contato com a natureza
O
caminho que leva ao interior
E
os elementos cósmicos
Que
se unem para nos ajudar
Coisas
que a gente precisa ver além
E
a inteligência mágica de um povo
Que
um dia entendeu certas coisas
Silvia
me diz: pede para a natureza que ela te dá tudo
Hermano!
La naturaliza te dará tudo!
No
caminho, me sinto realmente bem.
Rezo.
Hermano!
Rezo
en la piedra
La
piedra és fuerça
Mi
alma se conceta com sú alma
Vi
nas folhas de coca
Eu
acredito em el amor
Não
tenho dúvidas
Hermano!
Não
tenho mais dúvidas
Eu
já pedi.
Feche
os olhos, peça, Hermano
Na
montanha que está dentro de ti!
Ela
é teu pilar
E
te dará tudo.
Onde
moram as respostas?
No
tempo certo.
II teoria
Renata:
Silvia! Entendi!
As
montanhas dão para a gente, as faces!
Como
as nuvens, figuras!
A
gente vê nas montanhas um monte de faces.
São
as pedras que desenham as faces pra gente
Os
incas viam as faces e as pintavam nas cerâmicas
É
daí que vem as faces das cerâmicas!
Silvia:
Você comeu muita folha de coca hoje?
Renata:
Nenhuma.
Silvia:
Iiiiihhh!
III
Disse
o sábio inca:
Se
confiar na força da natureza e na sua força interior
O
mundo te dará tudo
Mas
é preciso confiar.
(Interpretação
dos desenhos das cerâmicas encontrados nas ruínas de Pisaq)
Eu
acredito!
IV
Eu
acredito, porque tudo o que se liga com os cosmos
Seja
em qualquer cultura ou religião
É real
e verdade em mim
Porque
me sinto um pequeno ser diante desse mundo
Esse
grande mundo só tem a me ensinar
E
eu acredito na força da mente
No
desejo interno de trazer as coisas pra gente
Cada
sábio, filósofo, religião, cultura com suas teorias
Se
conectam com a essência primária, prioritária
De
um todo invisível
Uma
(de)ordem de vida
Eu
acredito que posso transformar
Só
posso transformar
Se
não, por quê e pra quê?
E
libero as mágoas conversando
Com
as pedras, com as águas do rio, do mar
Com
as arvores, com a terra
Converso
sim.
Mais
inteira na pele
Mais
intensa no corpo
Mais
conectada com a alma
E
tento enxergar o obscuro
E
se nenhuma resposta tenho ahora...
Let
it go!
Eu
mais eu, sem medo de ser o que sou
sou
melhor pra mim
E
assim, para os meus
Onde
moram as respostas?
No
tempo certo.
OLINTAYTANBO
I
Sim!
Há na pedra um rosto indígena!
Ele
olha para o povoado!
Por
que então os outros rostos esculpidos pela natureza
Não
são também expressos no artesanato?
Ninguem
me tirará essa ideia
Vou
escrever um livro
Um
tratado
Ou
apenas nesse blog!
Sim!
Essa construção tem 4 partes
O
povoado
A agricultura
O
sagrado
A
moradia dos sábios
Linda
pequena cidade no caminho do Vale Sagrado.
CAMINHANÇA
I
Amanhã
começa a caminhança na trilha Salkantay
Quatro
dias até lá.
Momento
de sair da conexão virtual
Para
continuar encontrando outras novas conexões
Daqui
alguns dias, se conseguir expressar qualquer coisa em palavras
Retorno
aqui.
Giane
+ Aide + Silvia = na caminhada esquece a dor, pensa positivo e acredita em ti
mesmo.
Na
caminhada esquece a dor, pensa positivo e acredita em ti mesmo!
=)
(face encontrada no word! Ohhh!)
INICIO
DA JORNADA PARA MACHU PICHU
A
Trilha salkantay
Salkantay
= montanha selvagem
Dia
1
I
Duas mulheres na trilha
E
vamos começar.
Estou
ansiosa.
Quero
caminhar, caminhar!
O
lugar é lindo!
Me
sinto uma princesa.
Tenho
Silvia, Hilario o cozinheiro e um cavalo.
Sou
una principesca.
Pero
no.
Estamos
em Mallepolca, perto da montanha salkantay
Embaixo
da montanha womantay.
Womantay,
soy jo
Mulher
selvagem
Vai
fazer a trilha sozinha? Que coragem! Disse o hombre do hotel.
Sí!
Pero
no início de tudo, estou frágil.
Silvia,
a guia, a grande mulher no pequeno corpo, não me dá mole.
Ela
fala duro comigo.
Silvia:
Renata! Não conversa agora! Renata! Tira esse casaco. Suar não é bom!
Ela
é a guia ou a minha babá?
Tenho
vontade de chorar. Quero fazer pirraça para a babá!
Não
a quero mais!
Tragam
um homem tranquilo pra mim! Silvia deve estar na menopausa....
Olho
o caminho.... Que lindo!
Esqueço
a Silvia.
E
canto!
“Luz
do sol”
E
a Silvia olha pra mim.
E
sorri!
Renata:
Silvia, você é uma mulher muito dura.
Silvia:
Aprendi a ser assim, Renata. Sou guia há 10 anos.
Impus
meu respeito diante a todos. Para ser guia na trilha, as mulheres não podem ser
frágeis. Você, Renata, não é frágil.
Renata:
Não, eu não sou.
Silvia:
Então me mostre. Tem que ser forte. Eu aprendi a ser forte!
Renata:
Estou aprendendo com você.
Silvia:
Isso! vamos descobrir agora, nesse caminho, só nós duas, nosso lado masculino,
sem perder a feminilidade. Sou uma princesa guerreira.
Renata:
Sim! Encontrar o lado masculino, sem perder a feminilidade.
Silvia
sorriu de novo. Eu gosto quando ela sorri.
Silvia:
Agora canta, porque seu canto está abrindo o tempo. Temos um lago para
mergulhar.
Renata
voltou a cantar, mas antes tiraram essa foto para selar a paz.
Eram duas mulheres na
trilha
II
O lago
Obrigada
universo por eu estar aqui
É
o caminho que nos escolhe.
A
natureza é mesmo o meu lugar
Força
sagrada
Arquitetura
divina
Obra
de arte
Que
brota da terra
E
nos diz tanta coisa em silêncio
Me
ajoelho perante a ti
Evoco
os Deuses
Me
rendo à tua beleza
Rezo
Me
curvo
Sou
sua escrava,
Sua
eterna discípula
És
minha rainha ancestral
Panchamama
Wiracocha
Amém!
III
O caminho
Tenho
certeza que as montanhas olham pra mim!
Olham
para todos
Muitas
faces
Estou
em silêncio
Me
sinto só.
Mas
não é verdade
Silvia
está lá na frente
De
vez em quando olha para trás, como quem pergunta se está tudo bem.
Ela
me cuida, a Panchamama do meu caminho.
Penso
em tudo. Tudo mesmo.
Em
coisas até que pensava jamais pensar
Medito
E
olho para todos os lados
Não
canso de dizer
Que
lindo
A
beleza oprime o cansaço
IV
O primeiro acampamento
Vou
dormir entre dois paredões de pedras.
Atrás
de mim, a montanha Salkantay
Chorei.
Estou
sensível
E
pedi LUZ
Para
ele
Pedras,
céu, rio, não deixem ele cair.
Iluminem
o seu caminho!
Agora,
aqui, sentada na pedra, com esse caderninho, olhando essas montanhas, respiro
como quem nasce pela primeira vez.
Porque
não é só uma vez que nascemos
As
montanhas olham pra mim
As
faces.
Um
susto de vida
Os
antepassados estão todos ali
Observam
É
aqui que vou dormir.
Salkantay
= montanha selvagem
Salkarenata = Renata selvagem
Já
sou daqui
As
estrelas estão saindo.
Constelações
incas
Vontade
de gritar, uivar, correr
V
Vento
Mas
o vento...
O
vento aumenta e corta a minha pele
Estou
a 4.200 metros de altitude!
Lâmina
invisível
Ele
me desafia
Vem
vento!
Corta-me!
Prenda-me!
Rompa-me!
Invada-me!
Hoje
quero ser a sua mulher!
Vem!
Estou
aqui!
A sua
espera!
Venta-me!
Vem
vento, me vesti pra você!
O
rio gritou!
VI
Estrelas
As
estrelas são meu teto
Tenho
tudo o que quero
Estou
grande
Converso
com elas
Choro
de novo
Estou
renascendo
As
constelações incas me explicam
Sem
palavras
Tudo
o que já sei, mas não sei
Aí,
agradeço ao universo
Por
colocar as pessoas certas em meu caminho
Boa
noite
VII
dormir em 4.200 metros
E
o frio,
O
vento
O
barulho avassalador do rio que corre ao meu lado
A
chuva
É
a morte que me chega e não me deixa dormir?
Sem
ter pra onde ir, pra onde correr
Evoco
um sonho erótico
Não
vou dormir
Mas
vou sentir prazer!
Desafio
o tempo
Não
sou mais frágil
Chove
Venta
Não
quero hotel
Quero
isso tudo sim
Quero
sentir a presença
Dessa
força toda
Não
estou aqui a toa
Pode
vir
Natureza
Você
não é só flores
Eu
sei
Eu
também não sou só sorriso
Então
vem
Que
eu te enfrento
DIA
II
I –
eu sei subir sozinha
Atrasei
a Silvia
Porque
só consegui dormir na hora de acordar
Ela,
a rocha, a exigente, a séria
Me
desafiou
Silvia:
você está cansada, não vai conseguir cruzar a montanha a pé.
Renata:
Eu vou!
Silvia:
melhor ir de cavalo
Renata:
Não! Eu vou com meus pés.
Silvia:
Ta bom. Mas se precisar, sobe no cavalo.
Renata:
Não vou precisar.
E
fomos
Silvia
contrariada, Renata ego ferido, foi na frente, rápida, imponente, heroína.
Após
um tempo.
Silvia:
Desculpa, subestimei você. Você anda bem.
Renata:
Você me ensinou a ser forte.
Silvia:
Olha! Ta nevando!
Renata:
meu casaco ta branco.
Silvia:
temos que subir mais rápido
Renata:
Bora!(tempo) Ih! Um condor!
Silvia:
um condor! Parabens! Condor é sorte.
Renata:
Então vamos!
Chegaram
no ponto mais alto da montanha
E
continuaram a caminhada
III
A neve, a chuva, o frio, o vento
V Italiana
Acho que não sinto meu corpo
Andamos rápido
No caminho, passam por mim todos os tipos de estrangeiros
Olá, que tal!
Good morning
Hi!
Conheço Ravier, o argentine do interior
Ele me pede ajuda
Está no cavalo, não aguenta andar
Ayudo, tiro uma foto dele
Pego su coisas que caíram na tierra
Ele me agradece
Pergunta de onde sou
Brasil
Brasil?
Pensei que fosse italiana
Sí, todos pensam. Pero nasci em Rio
Rio! Que lindo! Cuepa del Mundo!
Pois é...
VI
Vou
mais rápido que posso.
A
neve nos alcança
Minhas
pernas começam a doer
Desce
Desce
Desce
Finalmente
uma planície
Mas
é pior que as montanhas
As
montanhas tem curvas e as pedras protegem do vento
E da
chuva
Na
planície não há nada
Nada!
O
vento chega mais
A
chuva aumenta
Quero
abrigo!
Mas
é preciso andar!
Me
disseram que não choveria essa época
Mas
se não podemos controlar a nós mesmo
Imagina
controlar o tempo?!
Finalmente
uma casita
É
lá que vamos comer
Comer
o quê?
Não
posso parar
O
corpo esfria
É pior
Vou
congelar
Comemos
sopa
Quinoa
Pollo
Nossa,
Hilario! Usted é genial!
Mas
não posso parar.
A
chuva não vai passar
A
neve está chegando
Toda
a minha roupa molhada
A
luva já não presta
O gorro também não
Silvia,
vamos, por favor
Vamos!
Seguimos.
No
caminho de barro
Descida
de 1000 metros para baixo
VII A descida
Descida
de 1000 metros para baixo
Olhamos
para trás e
Neve!
Para
o lado
Nuvens
Vou
despacio...
Bem
devagar
Todos
os estrangeiros correm na minha frente
Tudo
bem
Podem
ir
Minhas
pernas começam a reclamar
Barro
Muito
barro
Me
pergunto
O
que estou fazendo aqui?
Por
que quero isso pra mim?
Lembro
do quarto do hotel
Cama,
cobertor, TV a cabo, café da manhã
O
que faço aqui assim?
Aí
lo tempo abre um pouco
Olho
para o lado
E
um lindo rio, uma linda montanha e na frente
Caminho
Aí me percebo
Nunca estive tão presente
Sentindo o meu corpo inteiro
Pés por pés
Tronco, cabeça, braços
Sim, estou molhada
Mas inteira! Inteira! Inteira!
São
20 kilometros para baixo
Já
estou aquecendo
Silvia
lá na frente
Os
americanos arrogantes passam
E eu,
inteira
Pele,
músculo
O presente
é um presente!
Sim!
Quero
estar aqui agora!
Quero
sentir
Enfrentar
Quero
Sou
uma Guerreira Princesa
E não
vou fraquejar!
Fui
devagar até o próximo camping
Quando
cheguei
Já
era noite.
V
QUETCHUA
Quando
cheguei no camping, já era noite.
Toda
molhada, com frio, sofri.
Mas
esse camping tinha banheiro
Chuva
Hilario
foi preparar a comida
Eu
não sabia o que fazer
Parar
me fazia sofrer
As
roupas me cortavam a pele
Era
como vestir gelo
Chuva
Aí
vi a Flor
A
dona do camping
A
dona da casa
A
dona
28
anos
Falava
quetchua
Me
viu sofrendo
Me
levou pra sua casa
Me
aqueceu no seu fogo a lenha
Me
emprestou o seu casaco
Colocou
pra secar minha blusa, sutiã, casaco, gorro
E
eu, sentada em sua humilde cozinha
A
observava
Flor!
Gracias! Gracias! Gracias!
Chegaram
dois amigos e seu marido
Todos
falavam Quetchua
A
língua inca
Estou
maravilhada
A
língua inca!
A
língua, a maior preservação de uma cultura
Eles
não compreendiam meu portunhol
Só
me lembro
Estás
sola?
Cadê
tú nobio?
Su
hijos?
É
porque uma mulher no pequeno Pueblo
Não
pode estar sola
Não
pode não ter filhos
Uma
mulher no pequeno Pueblo
No
puede!
Mas
eu sou uma mulher de fuera!
Me
olhavam
Donde
és?
Rio
de Janeiro
Ohhhh!
Copa!
Sí!
Mas
não conseguiam falar mais que isso
Conversavam
sobre mim em Quetchua
Lembrei
dos meus avós falando árabe
Conversavam
sobre mim em árabe
Eu
era uma estranha de outro planeta na casa de Flor
Mas
ela se apiedou de mim
Eu
me apiedei de mim
Na
caminhada, esquece a dor, pensa positivo, confia em ti mesmo
E
coragem!
Guerreira
princesa.
Levantei!
Gracias,
tengo ir.
Flor:
dorme com meu casaco
Gracias!
Fui
jantar com Silvia num abrigo de pedra.
Hilario!
Você é genial!
Ajudei
Hilario.
Além
de ajuda-lo, me movimento.
Silvia:
Não coloca roupa seca, pois se continuar chovendo, você não terá mais nada.
Tudo
bem. Respeito a Silvia. Vou dormir molhada
Mas!
Lembrei
de uma calça de pijama, casaco da Flor.
Entrei
na barraca.
Dormi,
seca, sete da noite
Como
uma pedra.
Sonhei
com perros.
DIA
3
I
Coragem
É
preciso ter coragem.
Continua
chovendo
Temos
que decidir
A
trilha está perigosa.
Pensei
num carro me pegando ali em cima
Radio
ligada
E
dane-se
Me
levem de carro
Mas
não!
Vamos
caminhar.
Silvia
olhou a trilha
É
perigoso
Então,
o que hacer?
Vamos
pela carreteira
E
fomos estrada abaixo.
II
Não posso!
Não
posso andar!
Não
consigo!
Dolor!
Silvia:
você quer um carro? Eu dou um jeito.
Na
caminhada, esquece a dor, pensa positivo, confia em ti mesmo e coragem.
Então!
Tomei
dorflex.
No!
Vamos seguir.
Aos
poucos, o dorflex fazia efeito.
E
eu segui na estrada.
III Silvia também aprende comigo =)!
Renata:
Uau! Silvia! Que caminho lindo!
Silvia:
Pena que não estamos na trilha...
Renata:
Não, Silvia! Não fala isso pra mim. Eu sou nova aqui, como um bebê. Estou
olhando tudo como a primeira vez. Não conheço a trilha. Para mim só existe essa
estrada. Então se você diz “pena” eu fico triste.
Silvia:
Você tem razão, Renata. Desculpe. Para você só existe essa estrada. E sim, ela
é linda mesmo.
Renata:
que bom!
Silvia:
Obrigada! Também aprendo com você.
Sorri!
Ela também aprende comigo!
Seguimos.
E eu não tinha mais dolor.
A
estrada era realmente linda!
IV
Detalhes
Não
entendo os que andam rápido num caminho lindo
O
caminho é em si o objetivo
O
que me encanta são os detalhes.
A
chuva parou!
Viva!
Podemos
ver tudo.
Sentir
o cheiro, olhar as flores.
É
isso o que me importa!
Detalhe
s de um ponto de vista.
As
frutas nativas
O
rio que corre lá em baixo
As
flores enfeitando o caminho!
Ah!
Como
eu gosto disso!
Verde,
a minha cor preferida.
Canto.
“Senhorinha,
moça de fazenda antiga prenda minha. Gosta de caminhar de chapéu sombrinha...”
Canto
mais. Minha letra na melodia do Bruno.
“Toda
palavra, tem uma alma
É
como espinho e flor
Que
vai
E
volta com o vento
Sopra
e transforma a dor.
Das
profundezas, retorna a valsa
Que
foi escrita além
Do
som
Que
invade o silêncio
Vibra
e termina bem.”
Canto
“Se
você quiser e vier comigo...
Eu
te darei o sol
Quando
o sol sair
E
a chuva...”
Olho
os meus pés.
Barro
puro.
Confesso
que gostei.
A
presença do corpo invade as roupas
Silvia
me mostra as frutas nativas
Me
diz os nomes das flores
Como
as frutas, cheiro as flores
Estou
tão feliz...
V
No
almoço da paragem
Reencontro
Ravier e seus amigos Holandeses
São
simpáticos
Estão
todos quebrados
Não
conseguem andar
Eu
e Silvia comemos Llomo saltado
Hilário!
Você é um gênio!
Gracias!
Hilário
está feliz
A
chuva passou de vez!
VI
Alejandro, o pássaro!
Trabalha
no camping Cola de Mono
O
lugar que eu ia dormir.
Lindo!
Ao
lado de um rio
Mata
que parecia Atlantica
Me
senti na casinha de Boa...
Saudades.
O
cheiro da mata fechada
Mudança
total de paisagem
E
o sol!
Eu
sabia que ele ia sair!
Depois
da chuva...
Hahaha!
Eu
sabia!
Ele
ia chegar!
“O
sol na cabeça”
Me
disseram que ali tem uma tirolesa
Alejandro!
Jo quiero!
Alejandro:
sí, Renata! És uma experiência única.
Renata:
entoces, vamos ahora!
Eu
queria voar ao lado do sol!
Fomos
eu, ele e Tânia, a fotógrafa e funcionária do Camping.
Subimos
uma trilha.
Eu
ainda estava com o corpo quente
Subi
rápido.
No
caminho, arvores de café e coca.
Comi
o fruto do café.
É
bom!
Alejandro
é de Lima e adora Teatro
Conversamos
sobre os autores de Lima
Tânia
é argentina de Mendoza e adora aventura
A
tirolesa tem 2600 metros com 6 bases, na qual cruzam as montanhas e o rio.
Confesso
que morri de medo na primeira
Alejandro
me dá uma aula
Eu
penso: coragem!
Alejandro
vai na frente.
Ele
vira de cabeça para baixo.
Faz
piruetas no ar!
Um
pássaro!
Tania
fica com a minha máquina. E vai também.
Vai,
me empurra, antes que eu desista!
E
voei!
Uma
vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes.
Nas
ultimas duas bases, Alejandro me estimula a fazer o vôo do pássaro.
Eu
abriria os braços e ele me guiaria
Como
parapente sem o parepente
Voei
mais!
Sim!
Era realmente um dia feliz.
VII
Águas Termales de Santa Tereza
Silvia
me esperava ansiosa no camping com Hilário
Pra
gente ir às aguas termales.
Mas
eu gostei tanto do camping...
Pensei
em deitar na grama
Ler
um pouco
Olhar
o rio...
Não
sei...
To
gostando daqui
Silvia:
tudo bem... pero...
Perguntei
à Tania se deveria ir
Ela
disse: SIM!
Com
letras maiúsculas mesmo!
Então
fui. Claro!
Quero
tudo!
Pegamos
uma van.
Lindo
caminho ao lado do rio, entre as montanhas
Me
arrependi de não ter levado a máquina
Chegamos
Uou!
Tres
piscinas naturales
Com
águas calientes. Mutcho calientes!
Era
a glória!
O
banho sagrado dos deuses.
A
recompensa dos caminhantes
O
presente é um presente.
Três
piscinas
Reconheci
todo mundo que encontrei na trilha
Achei
engraçado
Ate
pouco tempo, todos camuflados de roupas de frio
Como
astronautas
Lameados,
sujos...
Agora,
um balneário
Roupas
de banho, toalhas...
Inclusive
eu!
A
piscina da direita estava lotada
A
da esquerda também
Escolhi
a do meio
E
virei rainha.
Relaxei.
VII
Daniel, o americano
Sim!
Achei mesmo os americanos que passaram por mim na trilha
Arrogantes
Todos
os outros estrangeiros
Uma
delicadeza...
Mas
os americanos, heróis da máquina mortífera
Se
bastam
Não
precisam de ninguém
Muito
menos de educação
E
Súyoung também acha
E
Silvia também
Mas
eis que...
Eu
tava parada
E
parada, chamei a atenção de algumas pessoas
Na
piscina, quietinha, olhando a torre de Babel
Vieram
hablar comigo
Os
locais: Estás sola? Es de onde?
E
eu já tinha uma resposta pronta
Ouvi
muito isso, o tempo todo
Os
franceses: usted és italiana?
Where are you from?
Conversei
com Lea e seu namorado
Eram
franceses.
Lea
disse que parecia que me conhecia de seu bairro na França
Eu
ri e gostei
Não
sabiam falar inglês direito
Como
eu
E
então nos entendemos assim
Disse
que era brasileira do Rio
Eles
me contaram como era viver na França
Tentamos
nos comunicar
Mas
tava difícil
Meu
inglês tá péssimo
Preciso
reaprender
Nos
despedimos
Nadei
para outro lado
Queria
morar ali
A
água curou minha dor na perna
Tava
olhando o céu
O
americano se aproximou
O
americano: Ouvi você falando. Você é da onde no Brasil?
Eu:
Rio de Janeiro. E você?
O
americano: Estados Unidos, Califórnia.
Eu:
E fala bem o português.
O
americano: Viajei pelo Brasil 5 meses
Eu:
Deve conhecer o Brasil mais que eu.
Ele
me disse onde esteve. Conhece mesmo mais
que eu.
O
americano: E também no carnaval do Rio.
Eu:
Carnaval. Claro! Também gosto, mas aproveito também para viajar.
E
começamos uma conversa leve.
Esse
americano não me pareceu arrogante. Talvez porque morou 5 meses no Brasil e
agora estava há 3 meses no Peru. Já conseguia ver além, outras coisas, estava
só, em contato com as pessoas de lá, com os pueblitos em seu caminho. Talvez
também porque trabalha numa ONG de ajuda mútua para os países de terceiro
mundo.
O
americano: Seu nome?
Eu:
Renata. E o seu?
O
americano: Daniel.
Daniel:
Me sinto culpado de estar aqui desfrutando isso.
Renata:
Não se sinta. Como disse Silvia, minha guia (apontei ara Silvia). Se você está
aqui, não é a toa. Usa essa força que tem aqui para continuar seu trabalho.
Daniel:
É verdade. Você também!
Renata:
Pode deixar.
Tava
na hora de eu voltar pro camping.
Daniel:
Prazer. Boa viagem!
Renata:
Sorte!
E
fui.
Daniel
não é arrogante. E eu fiquei aliviada. Não se pode generalizar nada nessa
vida.
Voltei
para o camping no meio da mata. Um silêncio de fazer dormir como um bebê.
VII
Tânia
Uma
mulher que vaja sola
E vive
de aventura
Trabalha
no camping
Na
terra e no céu
Adora
rafting
Adora
a natureza
Nos
identificamos
Como
eu
Todos
perguntam para ela
Estas
sola?
Sabia,Tânia, não esperava ouvir tanto essa pergunta
É
que os homens daqui são conservadores
E
te acham corajosa
Como
você!
Sí!
Tambien.
E
ela não vai voltar tão cedo pra casa
Como
eu.
Ela
gosta do que faz
Eu
também.
Gosta
de sair por aí
Trabalhando
na natureza
Eu
falei o que me fez estar ali
Ela
me deu o endereço de seu blog
VIII
O que
me fez estar ali
Como
o fim de um ciclo
As
três viagens
Amazônia.
Patagônia. Peru.
As
três pontas de um lugar em mim
Que
está regenerando
E não
estoy sola
Tania
me disse
Você
tem a ti mesma
Tenho
a mim mesma
E o
meu interior está cheio de segredos
E
sentimentos
Que
me fazem seguir
IX
Conheci
também Marco
O
dono do camping
E
idealizador da Tirolesa
Parabens,
você é demais!
Foram
3 meses construindo a tirolesa
Todo
seu investimento
Pero
ahora!
Uou!
X
Sambei
para Silvia
Olha, Silvia! Posso ser uma mulata!
Silvia
gargalhou.
Drey,
o funcionário do camping também
E
me convidou para ir a uma festa
Vamos
bailar, Renata!
Estava
exausta
Mas
quero tudo
Subi
em sua moto
Fomos
Chegamos
num lugar aberto
Mas
a música não tava boa
Eu
queria musica local
Me
senti na academia de ginastica
Os
estrangeiros bebendo feito adolescentes
As
mulheres locais admirando os blancos
Drei,
quero voltar para o silêncio do camping
Está
bien. Regressamos.
Subi
na moto
Drei
me contou da sua história
Adora
a natureza e por isso trabalha no camping
Também
não gostou da energia do lugar
Pediu
desculpas;
Tranquilo,
Drei.
Estou
exausta mesmo
E
há muito tempo que não ando de moto
E me
gusta o vento.
Chegamos
no camping. Gracias!
Aí
sim
Rezei
para o céu, agradeci
E
dormi como um bebê.
DIA
4
I
Na
despedida do camping recebo uma cartinha de Tânia.
“Viajar
nos es escapar. Viajar es encontrarse!
Muito
prazer em conhecela!!!
Mi
direccion de facebook es:
Tanu
Ye
Y mi
página de fotos: fotosíntesis
Buena
Viajes
Disfrute
a energia de Machu Picchu
Tânia.
II
E tirei
essa foto com Alejandro e Tânia.
III
O trilho do trem
Estava sol quando começamos a seguir o trilho do trem para Águas Calientes
IV Canção 1
Nos trilhos do Trem me encontrei e me perdi
Um cantinho pra ouvir
Que me fez meditar
Na tristeza de um olhar
Na beleza de um lugar
No pedaço de ilusão
Que invadiu meu coração
E eu aqui a caminhar
Dá vontade de chorar
Depois rir de tanto ir
Como quem sabe onde vai
Mas no fundo nunca sai
Vou andar pra não partir
Se é pra agir ou pra falar
Nunca vai se decidir
Então ora essa canção
Pois que nunca vai parar
De buscar um jeito
De encontrar
O acolhimento da pedra
Que é o mesmo que a pele
A me abraçar
Descansar de tanto amor
E depois mergulhar
Nesse rio que ensina
Que dando voltas no mesmo lugar
Pode até sair do rumo
E chegar
Pra um dia regressar
Se precisar
V Canção 2
E a pedra olha pra mim, olha sim
Cara na pedra
Pedra na cara
Beleza rara
Que não me enganou
Sei que tu olhas bem longe
E sabe de tudo
Que o inca pintou
Teu rosto no barro
Pra aqueles que não te veem nos olhos
Quiçá nos museus
Espelhos de seus corações
Nos templos estão tão presentes
Mas no caminho só quem te sente
Já sabe o que quer
Sim, sou prepotente
Me sinto sua companheira
De alma inteira
A sua mulher
Se já casei com o vento
O traio por ti
Pra me proteger
Com suas fortes paredes
A rocha que sente
vibra e golpeia
com a força do tempo
Tú és acalanto
Meu alento
Meu canto
Pois também me espanto
Ao te ver às vezes tão séria
Tú es a matéria
Do meu samba enredo
Por ti faço escola
Por ti minha perna de tanto andar
Vai doer
Mas vai sorrir
Quando meus olhos pararem
Nas suas faces
Doces e duras
Que me conduzem
Ao altar
De suas fontes
Ao mistério de seus montes
Ou o lugar mais histérico
E ao silencio da tarde
Que me invade
E me faz te querer
Até morrer
De tanto viver
VI MACHU
PICHHU
Cheguei!
Por
tudo o que passei
Por
tudo o que vivi
Foi
por ti!
Machu
Picchu!
O
sagrado, a moradia, a militância, a agricultura
Silvia
me guiou por el labririnto sagrado
Por
el tierra protegida pelas montanhas
Pela
cidade cósmica
Por
toda a vida
Exausta,
me pus a andar por entre as colunas de Pedra
Silvia
me explicando cada detalhe
E eu
tentando absorver
Sem
entender
Todas
as sensações ocultas
Catartizando
Catequizada
pelos Incas
E ao
meu lado o mundo todo
Fotografando
VII A despedida de Sílvia
E
era hora de Sílvia se despedir
Eu
ficaria mais um tempo ali
Digerindo
toda a informação
Também
queria deitar um pouco entre
As
escaleiras
Para
descansar de tudo
E
observar
Gosto
de observar
Levei
Silvia na saída
Nos
abraçamos
Renata:
Silvia, muito obrigada por tudo!
Silvia:
Obrigada você pela oportunidade
Renata:
Desculpa qualquer coisa
Silvia:
Imagina! Desculpa você qualquer coisa!
Nos
abraçamos de novo
Um abraço forte
E
Silvia se foi
Senti
um vazio
Um vazio tão grande
Fiquei sem saber o que fazer.
Tomei um sorvete
Era uma reposição
açúcar, gelado, calmante
Sentei
na lanchonete de fora
Lotada
Tomando
sorvete
Observando a Babel
Voltei
para o Sítio
Sem
a Sílvia
Agora
estava sola
Cansada
Mas
feliz
Estava
lá!
No objetivo
Mas
objetivo
Passou
a ser apenas uma consequência
De
todo o vendaval de sensações
De
todo o passo a passo
Que
é um renascer a cada curva
Chorei
E dormi
Ouvindo todos os tipos de línguas
Casais, famílias, grupos, amigos...
Eu
Dormi na pedra
Um argentino parou ao meu lado
e me perguntou se podia tirar uma foto minha
dormindo
Ri
Para quê?!
Estou escrevendo as impressões sobre a minha viagem
E te ver dormindo aqui, me encantou
Ri
Também estou escrevendo as impressões da minha
Então deixa eu tirar uma foto da sua máquina
Está bem, mas agora dormir vai ser forçado
E qual é o problema disso?
Tudo bem.
Dei minha máquina para ele
E ele tirou essa foto
O fiscal me chamou
Era
hora do sítio fechar
Fui
para o hotel
E dormi
até o dia seguinte
SOLA EN MACHU PICCHU, PERO NO
I
No dia seguinte retornei cedo para lá
Estava sem a Silvia
E estranhei a solidão
Estás sola? Que coragem!
Era a pergunta que mais ouvi nessa viagem
Uma pergunta que não era uma questão pra mim
Quando decidi viajar
Decidi e pronto
Não havia companhia na hora
E não deixei de viajar por causa disso
Não me senti corajosa por isso
Só queria caminhar na natureza
Me dar esse mimo
Vivenciar novas paisagens
Num lugar místico e sagrado
E valorizar uma outra civilização
No pedaço de terra onde habito
A América Latina
II Machu Picchu Montain
Havia dormido muito bem
E estava renovada
A multidão de turistas me assustou mais que esperava
Havia uma saída
A Machu Picchu Montain
Que já havia comprado o ticket para estar lá
E a subi
Estava sola
Mas a cada paragem
Porque não tinha pressa nenhuma para subir
Porque já estava no lugar onde cheguei
Porque minha perna ainda doía um pouco
E porque gosto de observar a paisagem
Mas a cada paragem
No estava sola
Entendi
No movimento estou sola
Parada, o mundo vem a mim
A cada paragem alguém fala comigo
E inciamos uma conversa.
E eu aprendo um pouco mais da vida
De cada um
E entendo certos objetivos
E me admiro com pessoas ligadas em algo mais
E vivencio
E todos me perguntam se querem que eu tire um foto minha
E e digo que sim, porque não?
E esta manha cheguei sola em Machu Picchu
Só que não!
Minha fotos tiradas pelos viajantes
Gracias americano, franceses, equatoriano, japoneses...
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