sábado, 9 de junho de 2018

AGORA SOU MÃE parte I

Demorei muito para falar sobre isso, mais especificamente 11 meses e 5 dias.
Sim, 11 meses e cinco dias de vida do baby Gael, meu filho. Nesse tempo, muita coisa aconteceu, mas muita mesmo! Gael nasceu no dia que fui visitar o mar já com a bolsa estourada, mas sem perceber que estava estourada. Eu não havia entrado em trabalho de parto e tinha a ideia que quando estourasse a bolsa viria uma enxurrada de água que seria impossível não reconhecer. Não foi assim, veio um pouco de água que confundi com uma secreção normal desse período de gestação. A bolsa já havia estourado na noite anterior e eu fui ver o mar na tarde seguinte. Eu precisava ver aquele movimento das ondas, o céu, as gaivotas, eu precisava falar com o baby dentro de mim. Sabia no fundo que estava prestes a entrar numa grande mudança de vida e estava desamparada por dentro.

Era como uma passagem. Muito forte e eterna. Eu já fiz muita coisa na vida. E já fui muitas coisas. Algumas passageiras, outras nem tanto, mas o que aliviava era o fato que tudo podia mudar com o tempo. Agora não. Tem uma coisa que não vai mudar, que vai ser eterna e eu demorei para entender. Eu sou mãe. Eu sou mãe.  Isso não vai mais mudar. Eu entendi que não estava preparada pra essa permanência. 

No dia que soube que estava grávida de um namorado de três meses, eu entrei em pânico. A primeira coisa que pensei: Não quero ser mãe solteira! Logo fui falar com ele que me acalmou e me disse pela primeira vez: eu te amo, vai dar tudo certo. Ali eu não me senti mais sozinha, nem solteira. Me emocionei com suas palavras e vi um parceiro ao meu lado. Ele ficou chocado também, mas disfarçou melhor que eu. A gente ficou um bom tempo em silencio, cada um fazendo um milhão de conjecturas e a principal era: será que vamos ter?

O tempo foi passando e a gente não consegui decidir. Minha vida virou uma matemática: o que acontece se eu tiver, o que acontece se eu não tiver? qualquer decisão seria uma escolha sem volta. não era decidir se ia comprar alho ou mudar de casa. Era uma decisão  eterna. E  nada leve. Eu chorava todos os dias. As contas, as conjecturas, o " se"  me atormentava. 

Sempre fui muito livre. Saí de casa aos 21 anos para  morar sozinha e nunca mas voltei. Conforme minha vida profissional me possibilitava uma renda mais confortável, gastava todo meu dinheiro com viagens, para mim o maior investimento que podemos fazer. Um bem pessoal que vem do coração.  Viajar me ajuda a ser pássaro. E worlkaholic. Meu trabalho e a vida pessoal é a mesma coisa e não me vejo  um sem o outro. Como nunca havia tido um relacionamento tão  longo , eu não pensava na possibilidade de ser mãe. Pensava na possibilidade de adotar, caso não tivesse um filho dentro do tempo do relógio biológico.

Após muitos sonhos, conversas, choros, um medo tremendo de qualquer decisão, afinal como eu  poderia ser responsável pela vida de uma pessoa?  Dizem que se você não consegue cuidar nem de um plantinha, não está preparado para cuidar de alguém. Eu nunca tive plantinha por muito tempo. Eu sou esquecida, no início eu rego muito, mas minha vida corrida me faz esquecer as vezes de regar.

 Tive uma sessão de terapia corporal . . O corpo queria, e eu fiquei feliz com isso. No fundo eu sabia. Sim, eu sabia!



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É um sentimento rasgar os limites da compreensão. Eu não sou mais uma só, somos dois e por mais que eu tente não ser dois, porque ser dois dói o dobro de ser um ,não,  eu não sou mais uma só. Não há nada que me deixe mais tranquila que estar ao lado dele sabendo que ele esta bem.  então dói, mas também é bom, é inexplicavelmente bom. Entendi o que é amar incondicionalmente. 

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Eu vou parar essa história por aqui. ela começou cedo demais, lá longe, e se eu colocar tudo , eu nunca vou postar. meu blog ta parado, então, nem sei se alguém vai ler, mas... deixa dizer o que importa agora. acabei de ir ao cinema. Sozinha. é a coisa que mais tenho gostado de fazer: sair sozinha. Ir comer, caminhar na rua. O cinema é o auge.  Compro  a pipoca, a coca zero e viro rainha na sal escura. Não tenho tido vontade de festa, de tumulto, de conhecer alguém, eu tenho tido vontade de sair só, comprar uma pipoca, uma coca e ser rainha na sala escura. Estou me repetindo. Preciso dormir. Vou postar esse bloco. Pretendo continuar. preciso escrever algo assim agora, para me fazer entender, quem sabe em algum futuro. E compartilhar essas palavras, quem sabe , para algumas pessoas que...


Ah, esqueci de contar que antes de ir para o hospital ter Gael, comi um belo de um hambúrguer com batata frita. ainda ganhamos (eu e o futuro pai)  um ketchup de goiaba. Nunca experimentei, não gosto de goiaba. Mas a menina da loja foi simpática. Apesar de achar que ela poderia ter um pouco de bom senso e deixar um casal mega grávido comer em paz. Guardei esse pensamento para mim, mas tenho certeza que minha ansiedade a fez perceber. 

Obs 2: hoje brinquei com Gael o dia inteiro. Ele ama esconder e achar. e ele ta muito esperto. uma hora fui na rua . ele ficou com a minha ajudante. era para ir na padaria, farmácia e fazer compras. entre a farmácia e o mercado, lembrei de sua gargalhada e seus dois dentinhos aparecendo na parte de baixo da boca. Sorri no meio da rua. soltei um som de alegria. Corri para casa. Não fui ao mercado. meu coração dispara. eu não só amo o Gael, eu estou apaixonada por ele. Entro e ele corre para mim. Mamamama...  e a gente vota a brincar de achar e esconder. 





domingo, 4 de fevereiro de 2018


Não subestimes minhas lágrimas
Elas nunca caem à toa
Elas vazam quando os olhos, a fortaleza da alma, fragilizam
Viram os cristais mais límpidos e raros.

Não subestime meu coração
Ele bate abertamente
Te amou sem prestar atenção no chão.
Te desejou sem pensar no futuro.

Não subestime meus sentimentos.
São pedras na forma bruta tentando vestir a máscara de proteção.
São a solidão quando cai a noite e a coragem quando levanta o dia.
Se escondem por trás de um sorriso, se revelam na frente dele.

É incrível como o roteiro perfeito se desfaz rapidamente
Os planejamentos são metáfora de um sossego inexistente
Me apego no sorriso mais lindo que a vida me presenteou
Sou a mulher-deusa, humana e imperfeita

E que assim seja
E que assim cresça
Que assim permaneça

E prevaleça.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

o lugar

Aonde moram as respostas?
No tempo certo.
Aonde mora o tempo certo?
Nas suas respirações