Ele diz que esse som é triste
Mas eu digo que é o que me
deixa bem
São notas que inspiram e
trazem para o ambiente um pouco de paz
Aí eu paro, olho pra essa
janela nova
(ainda vou me acostumar com
ela)
Porque está mais longe do céu,
apesar de ter um passarinho bem perto
Mas é que o céu é muito
importante
E olhando pra ela, com um
pedacinho de azul no canto esquerdo
Penso no quanto desviamos de
certos caminhos que outrora eram tão certeiros
Tudo depende do ponto de vista
Dói em mim brigar com alguém
para defender algo que acredito
Penso logo o quanto quero as
coisas do meu jeito
E que isso pode ser resquício
de uma infãncia mimada e protegida da
real realidade
Mas meu analista diz que
defender algo é parte do crescimento
E que brigar, às vezes, é
importante.
Mas se me faz sofrer é que
aindo me afeto demais com as coisas
E logo eu, tu, ele, que penso que sei um pouco do mundo
Não sei de nada
Toda hora levo um arrastão de
sabedoria dos outros
Me surpreendendo comigo mesma
Pois parece que quanto mais
envelheço, mais não sei nada
Ou quando era mais jovem, era
mais sábia
E não quero congelar como
muitos, que depois de uma certa idade
Não se interessam mais em
crescer
Às vezes tenho certeza que a
reclusão é a minha salvação
Tenho medo de isso aumentar e
me desviar do mundo
Como a religião faz com
muitas pessoas
Acho que tenho vocação para
ser só dos outros
Porque quando sou de mim, não
sei aonde segurar
Ou me deparo com tamanha
insegurança e medo
Que entendo a alegria
de estar fora de casa
Esse lugar que é cheio de
espelhos imaginários.
Não vou apresentar solução
para esse discurso
Vou deixar seguir com a vida
Queria ser mais calma
Como as pessoas que vejo nas
fotos virtuais
Mas o virtual também é falso
Por isso vou pisar na areia e
olhar o mar
O eterno professor do
movimento.
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