Decai o nível
D
e
c
a
i
o
nível
da
poesia.
Quando se tem tanta coisa pra falar, mas a ocupação
que ocupa a ação,
te faz e s v a z i a r ,
Não morra antes de morrer!
Viver é arricar.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Prostração
É como uma massa
invisível pesada e densa,
que nasce na frente do meu corpo e me impede de qualquer passo adiante.
Cansada, acabo cedendo, não luto com a massa e deito na cama.
Pego um livro e solto-o, acabo ligando a televisão.
Lá dentro da caixa, só merda, me torno imbecil,
sofro, mas não faço nada. A massa continua presente, ela vence, não tenho forças
sofro, mas é só por dentro, não consigo nem chorar.
Sou um personagem dos contos de Kafka ou Murilo Rubião.
Deitada na cama, me
sinto pequena e oprimida.
A massa invisível cresce, já não consigo levantar.
Sede, quero beber água.
Nem isso.
Virei barata.
A manhã começa, as horas passam.
É preciso trabalhar. Tem muita coisa a fazer, tá tudo se atropelando.
Não vou conseguir.
A massa cresce,
quero levantar,
virei um piolho,
quero beber água,
cada vez mais difícil,
a TV me apodrece,
minha alma tá indo indo embora,
virei bicho,
meu corpo sua,
virei lixo,
o telefone toca,
não atendo,
minhas mãos sumiram.
Ah, mas também não me amolem!
Sonho em ser bebê.
Um bebê rico de berço de ouro.
Me pegam no colo, me dão de mamá e me fazem carinho.
Não preciso pensar em nada.
Arroto sem ser julagada,
um bebê, isso sim.
Sou Bukovski na versão mulher.
Mas sou pior, porque nem bebo pra desculpar a porra da zona que faço.
Se eu fosse uma mulherzinha inha inha,
estaria agora no salão de beleza
esquecendo de tudo, lendo uma revista e falando foda-se.
Mas resolvi ser outra coisa
e também falo foda-se.
Mulherzinha é o caralho.
Odeio salão de beleza
e essa merda de cultura que cultua essa merda
Bom dia, segunda feira
Vou ficar aqui na cama
há há há
To perdendo tempo
Time is money?
Foda-se!
que nasce na frente do meu corpo e me impede de qualquer passo adiante.
Cansada, acabo cedendo, não luto com a massa e deito na cama.
Pego um livro e solto-o, acabo ligando a televisão.
Lá dentro da caixa, só merda, me torno imbecil,
sofro, mas não faço nada. A massa continua presente, ela vence, não tenho forças
sofro, mas é só por dentro, não consigo nem chorar.
Sou um personagem dos contos de Kafka ou Murilo Rubião.
A massa invisível cresce, já não consigo levantar.
Sede, quero beber água.
Nem isso.
Virei barata.
A manhã começa, as horas passam.
É preciso trabalhar. Tem muita coisa a fazer, tá tudo se atropelando.
Não vou conseguir.
A massa cresce,
quero levantar,
virei um piolho,
quero beber água,
cada vez mais difícil,
a TV me apodrece,
minha alma tá indo indo embora,
virei bicho,
meu corpo sua,
virei lixo,
o telefone toca,
não atendo,
minhas mãos sumiram.
Ah, mas também não me amolem!
Sonho em ser bebê.
Um bebê rico de berço de ouro.
Me pegam no colo, me dão de mamá e me fazem carinho.
Não preciso pensar em nada.
Arroto sem ser julagada,
um bebê, isso sim.
Sou Bukovski na versão mulher.
Mas sou pior, porque nem bebo pra desculpar a porra da zona que faço.
Se eu fosse uma mulherzinha inha inha,
estaria agora no salão de beleza
esquecendo de tudo, lendo uma revista e falando foda-se.
Mas resolvi ser outra coisa
e também falo foda-se.
Mulherzinha é o caralho.
Odeio salão de beleza
e essa merda de cultura que cultua essa merda
Vou ficar aqui na cama
há há há
To perdendo tempo
Time is money?
Foda-se!
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
SAMBA DA IMPERFEIÇÃO
Eu tô com uma angústia no meu peito
Dizem que alguém ta me seguindo
Invado os templos sem respeito
Eu rezo pra quem não ta ouvindo
Eu sigo falhando pela vida
Sem medo de ser de outra corrente
Sou buda, sou padre, sou ferida
To longe, to perto, to ausente
REFRÃO
A morte me chega e eu to cantando
A vida ta indo e eu faço arte
O mundo passou me visitando
Espalho meu som por toda parte
Eu
ando nas ruas talento
Tentando
encontrar a minha história
Sou
pedra, sou caco, sou tormento
Sou
gente perdida na memória x3
____
Escrevi
o meu nome na calçada
Delataram
como pichação
Perturbei
meus vizinhos na noitada
Fui
destaque da televisão
Tentei
libertar meus conhecidos
Falaram
que eu to condenado
Fugi pra
um lugar desconhecido
Deixei
um poema inacabado
Deixei
um poema inacaba...
A morte me chega e eu to cantando
A vida ta indo e eu faço arte
O mundo passou me visitando
Espalho meu som por toda parte
Eu ando nas ruas talento
Tentando encontrar a minha história
Sou pedra, sou caco, sou tormento
Sou gente perdida na memória x3
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Já andei tão longe e cheguei aqui
Como eu cheguei aqui? Pois tudo o que andei me fez parar tão perto de mim, e tão igual ao que já fui, ao que já fiz, ao que senti, ao que vivi.
Quando eu percebi eu já fui tão longe
e agora não posso voltar, porque voltar seria desistir de amar.
E o amor é o que pode me salvar.
É o que me sustenta não chão, o que me suspende no ar.
Já sou sua, já és meu. Isso não é posse, é poesia.
Agora já era. Tudo o
que você mentir, eu vou acreditar.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
NASCI UM BUFÃO
Em tempos de muitas certezas,
Em tempos de regras ao ar
Tem vezes que tudo se
perde, se pira, se solta
Momento de
descontrolar.
A melhor conduta pra se
portar
Tentei triste e sozinha
Um jeito, em vão, de
me adaptar
Mas certo nem sempre é
o bom
E se implicam com meu
jeito entortado
Melhor ter nariz de
palhaço.
Vou andar pelas ruas
empestadas
Comemorando a
imperfeição
Meu nome não é mais
“Desculpas”
Agora me chamo Bufão
Já tenho alguns anos
de vida
E ainda preciso nascer
Crescer me olhando de
fato
Para o mundo de fato me
ver.
.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
ISSO FOI APENAS UMA CENA CURTA
(O casal está em harmonia. Constantemente se olham amigavelmente fazendo gestos de cordialidade. No silêncio, são extremamente gentis um com outro. Bebem vinho)
Regina: Eu fico muto feliz que a gente tenha conseguido finalmente chegar a essa harmonia.
Luíz: Eu também.
Regina: Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: É muito bom concordarmos um com o outro dessa forma.
Luíz: Muito bom.
Regina: Sem ser como esses casais.
Luíz: Sem ser como todos os casais que passam por isso.
Regina: Todos, menos nós.
Luíz: Então, quase todos.
Regina: Isso. Quase todos.
Luíz: Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Regina: (respira fundo) Hm... como é bom...
Luíz: O quê?
Regina: Respirar. Já parou para pensar nisso? Como é bom respirar.
(ele respira fundo)
Luíz: Realmente é muito bom. Respirar.
(os dois respiram)
Luíz: Nós estamos respirando.
Regina: Sim, finalmente. Estamos respirando. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Sabe? Eu estou realmente feliz.
Luíz: Feliz?
Regina: Sim. Em poder passar por isso desse jeito.
Luíz: Você quer dizer, leve.
Regina: Pode ser. Leve. Você se sente leve?
Luíz: Como uma pena. Mais vinho?
Regina: Um pouco. (ele a serve)
Regina: Como uma pena. Gostei. Nós somos diferentes.
Luíz: Ainda bem.
Regina: Eu sinto que somos uma espécie de evolução social.
Luíz: Você sente?
Regina: Você não?
Luíz: Pode ser. Talvez vez você esteja querendo dizer que não fazemos parte das porcentagens.
Regina: Isso. Das cotas.
Luíz: Status quo.
Regina: Estatísticas.
Luíz: Não mesmo.
Regina: Não. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Não mesmo.
Luíz: Não. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Regina: Como é bom ter paz quando o momento pede guerra.
Luíz: Gostei.
Regina: Do quê?
Luíz: Dessa frase. Como é bom ter paz quando o momento pede guerra. Parece nome de peça.
Regina: Peça?
Luíz: Peça curta. Cena.
Regina: Tipo esquete?
Luíz: Isso, esquete. Cena curta.
Regina: Como se isso fosse uma cena?
Luiz: Não, não! Não que estejamos fazendo uma cena.
Regina: Não, imagina. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Luíz: Não se deve fazer cena quando o momento é a própria dose de realidade. Aí, mais um nome. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve. Tempo de silêncio)
Luíz: Nossa última refeição.
Regina: O último vinho juntos.
Luíz: Um brinde aos últimos momentos.
(brindam. Bebem mais. silêncio)
Regina: O último momento... Quem disse isso?
Luíz: Vamos apreciá-lo devagar.
(silêncio)
Regina: Mais nada a dizer.
Luíz: Nada.
Regina: É bom assim.
Luíz: É bom.
Regina: Ótimo.
Luíz: Excelente.
Regina: Magnífico
Luíz: Estupendo.
Regina: Incrível.
Luíz: Gratificante.
(tempo. Ela bebe)
Regina: Gratificante por quê?
Luíz: Não sei... Gratificante. Mais vinho?
(silêncio)
Luíz: Mais vinho?
Regina: (tempo) Explica.
Luíz: O quê?
Regina: O gratificante. O que é gratificante?
Luíz: Gratificante? Sei lá... foi só uma expressão, um modo de dizer.
Regina: Desenvolva.
Luíz: Oi?
Regina: Desenvolva.
Luíz: Cuidado para não entrarmos no status quo...
Regina: Desenvolva.
Luíz: As estatísticas.
Regina: Desenvolva.
Luíz: A gente tava indo tão bem.
Regina: Desenvolva.
Luíz: Estávamos conseguido, meu bem, não perca o foco.
Regina: De-sen-vol-va.
Luíz: A gente tava concordando com tudo, Regina, não estraga.
Regina: Tudo bem. Eu não vou estragar. Um pouco. (Ele a serve. tempo) Eu só não concordo que a gente concorde dessa maneira.
Luíz: Que maneira?
Regina: O que você quis dizer com gratificante?
Luíz: Eu não quis dizer nada com gratificante. Eu poderia nem ter dito gratificante.
Regina: Mas você disse !
Luíz: Eu disse que nós somos uma evolução social.
Regina: Você não disse isso. Eu disse isso.
Luíz: Cadê a evolução? Os evoluídos não discutem por causa de uma palavrinha.
Regina: Mas não é uma palavrinha qualquer. Você disse gratificante.
Luíz: E?
Regina: Para tudo tem um limite.
Luíz: Para tudo tem seu momento.
Regina: Cala a boca. Gratificante o quê? Se separar de mim é gratificante? Você poderia ao menos ser um pouco mais educado.
Luíz: Eu nem pensei no que falei.
Regina: Mas falou.
Luíz: Eu poderia ter dito por exemplo, dignificante.
Regina: Mas não falou! Mais vinho?
Luíz: Eu sabia que não ia dar certo. Não conseguiríamos. Até concordando a gente briga. Uma merda essa história de leveza, de diferentes. Diferentes o caralho. Não há casal que se separe que consiga sair do padrão. Putz, outro nome para esquete. Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Você adora se sair de vítima, quando você é que sempre estraga tudo. Gratificante digo eu!
Luíz: Você parou de respirar.
Regina: Gratificante se separar, né? Depois de tudo o que fiz por você. Depois de todos esses anos de merda que eu perdi com você.
Luíz: Não esquece da yoga, Regina. Respira e solta. Lembra?
Regina: Cala a boca, Luiz.
Luíz; Amanhã você não me verá mais. Ainda dá tempo para recuperar todos esses anos perdidos de merda.
Regina: Não foi isso o que eu quis dizer!
Luíz: Mas disse!
(tempo)
Regina: Isso não devia estar acontecendo.
Luíz: A gente se separar?
Regina: Não! Esses insultos. Por que, para se separar, é preciso haver insultos?
Luíz: Estamos expurgando nossas frustrações. Às vezes é preciso expurgar as frustrações.
Regina: Mas tínhamos combinado que não deixaríamos isso acontecer.
Luíz: Isso foi antes do vinho. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Luíz: E se mudássemos de assunto?
Regina: Tipo o quê?
(tempo)
Luíz: Sabia que os casos mais graves de acne aumentam o risco de suicídio?
Regina: E daí?
Luíz: E daí, que o nosso filho é um adolescente.
Regina: E daí?
Luíz: E daí que ele tem acnes.
Regina: E daí?
Luíz: Isso não te preocupa?
Regina: Nosso filho não vai morrer.
Luíz: Nunca se sabe. Os tempos de hoje...
Regina: Por que gratificante?
Luíz: Caralho! Você não desiste!
Regina: Por quê? Por quê? Por quê?
Luíz: Por que não falamos das acnes? Saiu no jornal, então deve ser importante. Temos um filho adolescente.
Regina: Foda-se as acnes. Foda-se o nosso filho. Estamos falando da nossa separação. Dos anos lindos e bostas juntos que vão ser rompidos, dos nosso corpos que serão afastados, da nossa alma rasgada, um corte na nossa história. Será que você não entende? Você poderia ter dito tudo, tudo Luíz. Tudo, menos gratificante. Mais vinho?
Luíz: Um pouco! (ela o serve. tempo)Vamos acabar com isso agora.
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Não! Vamos acabar com isso agora!
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Não! Vamos acabar com isso agora!
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Se estamos concordando, por que estamos brigando?!
Regina: Estamos expurgando nossas frustrações. Foda- se as estatísticas. É preciso expurgar as frustrações.
Luíz: Outro nome bom. Olha quanto nome bom daria para uma cena curta!
Regina: Foda-se os nomes! Você está com ideia fixa em nomes!
Luíz: E você está com ideia fixa em gratificante!
Regina e Luíz: Mais vinho?
Regina e Luiz: Um pouco.
(eles se servem. tempo)
Luíz: Desculpa. Eu não queria dizer gratificante.
Regina: Desculpa, eu não queria me tornar o que eu me tornei.
Luíz: Desculpa, eu não queria te fazer se tornar o que você se tornou.
Regina: Desculpa, eu não queria te fazer me fazer eu me tornar o que eu me tornei
Luíz: Desculpa, eu não queria me separar de você. (tempo)
Regina: Não?
(tempo)
Luíz: Mais vinho?
Regina: Não? (tempo) Um pouco.
Luíz: Desculpa, acabou.
Regina: Eu sei.
Luíz: O vinho.
Regina: Oi?
Luíz: O vinho acabou.
Regina: O vinho. (tempo) E agora, o que fazemos?
Luíz: E se mudássemos de assunto?
Regina: Mudar de assunto? É isso? Então, tá bom. Se é isso. Vamos mudar de assunto.
Luíz: Tem certeza que não quer falar das acnes? Eu acho mesmo um assunto importante. Temos um filho adolescente.
Regina: Por que você quer tanto falar das acnes?
Luíz: Porque amanhã eu vou embora e não conversaremos mais sobre trivialidades.
Regina: Você tem mesmo que ir embora amanhã? (tempo. Ele não responde) Mais vinho? Ah! Esqueci. Acabou.
Luíz: É. Acabou.
Regina: O vinho.
Luíz: É. O vinho acabou.
(tempo)
Regina: Acabou.
Luíz: Acabou.
Regina: (respira) Então tá...
Luíz: (respira) Então tá...
Regina: Voltamos à cordialidade. Isso foi apenas uma cena curta.
Luíz: Isso não foi apenas uma cena curta.
Regina: Sim, isso foi. Mas vamos acabar com ela.
Luíz: Como?
Regina: Me fale das acnes.
FIM
Regina: Eu fico muto feliz que a gente tenha conseguido finalmente chegar a essa harmonia.
Luíz: Eu também.
Regina: Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: É muito bom concordarmos um com o outro dessa forma.
Luíz: Muito bom.
Regina: Sem ser como esses casais.
Luíz: Sem ser como todos os casais que passam por isso.
Regina: Todos, menos nós.
Luíz: Então, quase todos.
Regina: Isso. Quase todos.
Luíz: Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Regina: (respira fundo) Hm... como é bom...
Luíz: O quê?
Regina: Respirar. Já parou para pensar nisso? Como é bom respirar.
(ele respira fundo)
Luíz: Realmente é muito bom. Respirar.
(os dois respiram)
Luíz: Nós estamos respirando.
Regina: Sim, finalmente. Estamos respirando. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Sabe? Eu estou realmente feliz.
Luíz: Feliz?
Regina: Sim. Em poder passar por isso desse jeito.
Luíz: Você quer dizer, leve.
Regina: Pode ser. Leve. Você se sente leve?
Luíz: Como uma pena. Mais vinho?
Regina: Um pouco. (ele a serve)
Regina: Como uma pena. Gostei. Nós somos diferentes.
Luíz: Ainda bem.
Regina: Eu sinto que somos uma espécie de evolução social.
Luíz: Você sente?
Regina: Você não?
Luíz: Pode ser. Talvez vez você esteja querendo dizer que não fazemos parte das porcentagens.
Regina: Isso. Das cotas.
Luíz: Status quo.
Regina: Estatísticas.
Luíz: Não mesmo.
Regina: Não. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Não mesmo.
Luíz: Não. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Regina: Como é bom ter paz quando o momento pede guerra.
Luíz: Gostei.
Regina: Do quê?
Luíz: Dessa frase. Como é bom ter paz quando o momento pede guerra. Parece nome de peça.
Regina: Peça?
Luíz: Peça curta. Cena.
Regina: Tipo esquete?
Luíz: Isso, esquete. Cena curta.
Regina: Como se isso fosse uma cena?
Luiz: Não, não! Não que estejamos fazendo uma cena.
Regina: Não, imagina. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Luíz: Não se deve fazer cena quando o momento é a própria dose de realidade. Aí, mais um nome. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve. Tempo de silêncio)
Luíz: Nossa última refeição.
Regina: O último vinho juntos.
Luíz: Um brinde aos últimos momentos.
(brindam. Bebem mais. silêncio)
Regina: O último momento... Quem disse isso?
Luíz: Vamos apreciá-lo devagar.
(silêncio)
Regina: Mais nada a dizer.
Luíz: Nada.
Regina: É bom assim.
Luíz: É bom.
Regina: Ótimo.
Luíz: Excelente.
Regina: Magnífico
Luíz: Estupendo.
Regina: Incrível.
Luíz: Gratificante.
(tempo. Ela bebe)
Regina: Gratificante por quê?
Luíz: Não sei... Gratificante. Mais vinho?
(silêncio)
Luíz: Mais vinho?
Regina: (tempo) Explica.
Luíz: O quê?
Regina: O gratificante. O que é gratificante?
Luíz: Gratificante? Sei lá... foi só uma expressão, um modo de dizer.
Regina: Desenvolva.
Luíz: Oi?
Regina: Desenvolva.
Luíz: Cuidado para não entrarmos no status quo...
Regina: Desenvolva.
Luíz: As estatísticas.
Regina: Desenvolva.
Luíz: A gente tava indo tão bem.
Regina: Desenvolva.
Luíz: Estávamos conseguido, meu bem, não perca o foco.
Regina: De-sen-vol-va.
Luíz: A gente tava concordando com tudo, Regina, não estraga.
Regina: Tudo bem. Eu não vou estragar. Um pouco. (Ele a serve. tempo) Eu só não concordo que a gente concorde dessa maneira.
Luíz: Que maneira?
Regina: O que você quis dizer com gratificante?
Luíz: Eu não quis dizer nada com gratificante. Eu poderia nem ter dito gratificante.
Regina: Mas você disse !
Luíz: Eu disse que nós somos uma evolução social.
Regina: Você não disse isso. Eu disse isso.
Luíz: Cadê a evolução? Os evoluídos não discutem por causa de uma palavrinha.
Regina: Mas não é uma palavrinha qualquer. Você disse gratificante.
Luíz: E?
Regina: Para tudo tem um limite.
Luíz: Para tudo tem seu momento.
Regina: Cala a boca. Gratificante o quê? Se separar de mim é gratificante? Você poderia ao menos ser um pouco mais educado.
Luíz: Eu nem pensei no que falei.
Regina: Mas falou.
Luíz: Eu poderia ter dito por exemplo, dignificante.
Regina: Mas não falou! Mais vinho?
Luíz: Eu sabia que não ia dar certo. Não conseguiríamos. Até concordando a gente briga. Uma merda essa história de leveza, de diferentes. Diferentes o caralho. Não há casal que se separe que consiga sair do padrão. Putz, outro nome para esquete. Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Você adora se sair de vítima, quando você é que sempre estraga tudo. Gratificante digo eu!
Luíz: Você parou de respirar.
Regina: Gratificante se separar, né? Depois de tudo o que fiz por você. Depois de todos esses anos de merda que eu perdi com você.
Luíz: Não esquece da yoga, Regina. Respira e solta. Lembra?
Regina: Cala a boca, Luiz.
Luíz; Amanhã você não me verá mais. Ainda dá tempo para recuperar todos esses anos perdidos de merda.
Regina: Não foi isso o que eu quis dizer!
Luíz: Mas disse!
(tempo)
Regina: Isso não devia estar acontecendo.
Luíz: A gente se separar?
Regina: Não! Esses insultos. Por que, para se separar, é preciso haver insultos?
Luíz: Estamos expurgando nossas frustrações. Às vezes é preciso expurgar as frustrações.
Regina: Mas tínhamos combinado que não deixaríamos isso acontecer.
Luíz: Isso foi antes do vinho. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Luíz: E se mudássemos de assunto?
Regina: Tipo o quê?
(tempo)
Luíz: Sabia que os casos mais graves de acne aumentam o risco de suicídio?
Regina: E daí?
Luíz: E daí, que o nosso filho é um adolescente.
Regina: E daí?
Luíz: E daí que ele tem acnes.
Regina: E daí?
Luíz: Isso não te preocupa?
Regina: Nosso filho não vai morrer.
Luíz: Nunca se sabe. Os tempos de hoje...
Regina: Por que gratificante?
Luíz: Caralho! Você não desiste!
Regina: Por quê? Por quê? Por quê?
Luíz: Por que não falamos das acnes? Saiu no jornal, então deve ser importante. Temos um filho adolescente.
Regina: Foda-se as acnes. Foda-se o nosso filho. Estamos falando da nossa separação. Dos anos lindos e bostas juntos que vão ser rompidos, dos nosso corpos que serão afastados, da nossa alma rasgada, um corte na nossa história. Será que você não entende? Você poderia ter dito tudo, tudo Luíz. Tudo, menos gratificante. Mais vinho?
Luíz: Um pouco! (ela o serve. tempo)Vamos acabar com isso agora.
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Não! Vamos acabar com isso agora!
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Não! Vamos acabar com isso agora!
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Se estamos concordando, por que estamos brigando?!
Regina: Estamos expurgando nossas frustrações. Foda- se as estatísticas. É preciso expurgar as frustrações.
Luíz: Outro nome bom. Olha quanto nome bom daria para uma cena curta!
Regina: Foda-se os nomes! Você está com ideia fixa em nomes!
Luíz: E você está com ideia fixa em gratificante!
Regina e Luíz: Mais vinho?
Regina e Luiz: Um pouco.
(eles se servem. tempo)
Luíz: Desculpa. Eu não queria dizer gratificante.
Regina: Desculpa, eu não queria me tornar o que eu me tornei.
Luíz: Desculpa, eu não queria te fazer se tornar o que você se tornou.
Regina: Desculpa, eu não queria te fazer me fazer eu me tornar o que eu me tornei
Luíz: Desculpa, eu não queria me separar de você. (tempo)
Regina: Não?
(tempo)
Luíz: Mais vinho?
Regina: Não? (tempo) Um pouco.
Luíz: Desculpa, acabou.
Regina: Eu sei.
Luíz: O vinho.
Regina: Oi?
Luíz: O vinho acabou.
Regina: O vinho. (tempo) E agora, o que fazemos?
Luíz: E se mudássemos de assunto?
Regina: Mudar de assunto? É isso? Então, tá bom. Se é isso. Vamos mudar de assunto.
Luíz: Tem certeza que não quer falar das acnes? Eu acho mesmo um assunto importante. Temos um filho adolescente.
Regina: Por que você quer tanto falar das acnes?
Luíz: Porque amanhã eu vou embora e não conversaremos mais sobre trivialidades.
Regina: Você tem mesmo que ir embora amanhã? (tempo. Ele não responde) Mais vinho? Ah! Esqueci. Acabou.
Luíz: É. Acabou.
Regina: O vinho.
Luíz: É. O vinho acabou.
(tempo)
Regina: Acabou.
Luíz: Acabou.
Regina: (respira) Então tá...
Luíz: (respira) Então tá...
Regina: Voltamos à cordialidade. Isso foi apenas uma cena curta.
Luíz: Isso não foi apenas uma cena curta.
Regina: Sim, isso foi. Mas vamos acabar com ela.
Luíz: Como?
Regina: Me fale das acnes.
FIM
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Adiante
É com você que quero
errar para aprender
E assim me reconhecer nos
conhecendo mais além
E a vontade de
construir, de evoluir, de melhorar
Que vou chorar depois
cantar de alegria
E sendo assim, serás
também
E quando houver desconexão
Vamos nos ouvir,
prestar atenção, nos dar as mãos e prosseguir
terça-feira, 15 de novembro de 2011
JORNADA
Quero ser uma mulher
tão forte e leve,
Vou na direção da paz
Se faltar carinho, vou desenhar com as mãos.
Quero cultivar delicadeza.
Desejar amor.
Que sempre recomeça
quando algo pode declinar.
Vou chegar pelo mar
navegando em silêncio e palavras,
Pois o tempo sempre
deixa um espaço para colocar as coisas no lugar.
Vou na direção da paz
E saber ouvir os anjos
espirituais,
Os anos só existem para nos ajudar nas respostas.
Se faltar carinho, vou desenhar com as mãos.
Se faltar olhar, vou
respirar.
Se faltar calor, vou
caminhar.
E o destino nunca vai
me deixar na solidão.
Quero cultivar delicadeza.
E faze-la imperar em
meu ser.
Declamar pelos cantos
A poesia no ato de
viver.
Desejar amor.
Não vou mais me
machucar.
Pois o que sou agora é o que
realmente importa.
Dedicado à amiga Clara Linhart que me ajudou a enxergar
Dedicado à amiga Clara Linhart que me ajudou a enxergar
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Um dia estranho
Copacabana, todo dia, dia a dia é sempre igual:
Obras, carros, apitos,
sinais, alarmes, tiros, confusão
É ela, espremida,
invadida, poluída, populada
Que se não fosse a
praia, a orla, a brisa desviada
Entre prédios
acimentados, empilhados lado a lado, colados sem permissão
Já estaria saturada,
morta, apodrecida, ferida sem saída.
De repente, um silêncio degradante, ao longe o rádio do vizinho, ou da vila lá de trás.
Vez em quando um
latido, alguns pequenos barulhinhos,
Poucos carros, pessoa
lentas na calçadas, até o som de passarinhos
Assim, quase
triste, sem sentido, um dia estranho e perturbador,
Um mercado aberto
lotado, um jornaleiro fechado, sinais parados.
Então entendi. Era um feriado.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
O CORPO E A ALMA
Meu corpo mora em um
lugar onde o tempo é vento
Como nos clipes
musicais
Todo instante, novo
movimento
O coração batendo
rápido
E em cada segundo já
passou milhares de acontecimentos
Minha alma mora em um
lugar onde o tempo é lento
Como nos contos de
Guimarães e Gabriel
Todo pássaro traz um
momento
O coração batendo
calmo
E cada segundo é
sempre um grande acontecimento.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
MILAGRE
Às vezes recebemos presentes raros,
Em horas não marcadas, em dias não combinados,
Que abalam nossos falsos apoios em verdades pré-estabelicidas,
Desbancando os planejamentos que fazemos para alguma coisa qualquer,
Que nos fazem sentir no controle de sei lá o quê.
Mas a beleza pode estar presente aí:
No caminho obscuro que se ilumina aos poucos.
Nunca saberemos de tudo. Nunca mesmo.
Quem acha que sim, sofrerá até o fim.
O tempo prático luta com o cosmos subjetivo.
O amor se apodera intrinsecamente dos poros
Sem pedir permissão.
E quando nos vemos ,
Estamos tomados,
Estamos amando,
E sendo amados.
Existe sim um lugar além do que não se pode ver.Que não é pra ser longe,
Tá mais pra ser dentro.
Talvez é lá que fica a alma,
Que nos enlaça em abraços
E nos explica o que ela quer de verdade.
E, entendendo-a, não há nada mais o que temer.
E aprende a receber
Os milagres.
Para meu grande amigo F.C
Em horas não marcadas, em dias não combinados,
Que abalam nossos falsos apoios em verdades pré-estabelicidas,
Desbancando os planejamentos que fazemos para alguma coisa qualquer,
Que nos fazem sentir no controle de sei lá o quê.
Mas a beleza pode estar presente aí:
No caminho obscuro que se ilumina aos poucos.
Nunca saberemos de tudo. Nunca mesmo.
Quem acha que sim, sofrerá até o fim.
O tempo prático luta com o cosmos subjetivo.
O amor se apodera intrinsecamente dos poros
Sem pedir permissão.
E quando nos vemos ,
Estamos tomados,
Estamos amando,
E sendo amados.
Existe sim um lugar além do que não se pode ver.
Tá mais pra ser dentro.
Talvez é lá que fica a alma,
Que nos enlaça em abraços
E nos explica o que ela quer de verdade.
E, entendendo-a, não há nada mais o que temer.
De alguma forma vamos um dia aplaudir o destino
Como quem aplaude o belo músico ao pianoE aprende a receber
Os milagres.
Para meu grande amigo F.C
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
A PRIMEIRA VEZ QUE ELA DISSE "EU TE AMO"
Cris: Olha Pedro, melhor a gente não avançar com essa história.
Pedro: É?
Cris: Eu já tô vendo que não vai dar certo.
Pedro: É?
Cris: É. Não vai dar certo, a gente é muito diferente.
Pedro: É?
Cris: Você não vê isso? É tão claro, é tão óbvio.
Pedro: É?
Cris: Claro, evidente, óbvio.
Pedro: É?
Cris: Pra começar você é um cara da noite. Adora ficar horas em um bar bebendo sem hora pra sair, depois vagar pelas ruas desertas da cidade, sem nenhum medo. Eu não. Eu sou do dia. Não bebo, adoro acordar cedo, ver o sol, passear, entende? Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
Cris: Você fala tudo o que pensa, não tem papas na língua. Eu não. Eu me preocupo com o que vou dizer. Eu acho que a gente deve ter cuidado com as palavras. Acho mesmo. Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
Cris: E tem uma coisa importante. Você morre de medo de elevador. Eu moro no décimo andar! E agora? Como a gente vai fazer? Isso vai ser um problemas nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
Cris: Você, Pedro, é formado em filosofia. Filosofia , entende? É muito cabeça pra mim. Tudo bem que estudo letras. Mas é diferente. As minhas histórias são diferentes de seus discursos, entende?
Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
Cris: Ah! Tem outra coisa muito importante. Muito mesmo. Eu sei que você é louco pelo mar, eu sei que seu sonho é ter uma casa em frente à praia. Mas e a minha casinha nas montanhas. Estrategicamente perto das cachoeiras. Cachoeiras, tá entendendo? Você ama o mar e eu tenho uma casinha nas montanhas. Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
Cris: agora, isso é muito sério. Você foi ca-sa-do! Você teve uma esposa, uma mulher, que morou com você por um tempo. E eu só tive namorados. São experiências muito diferentes, entende? Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
Cris: E para completar, você tem uma vida muito mais tranquila que a minha. Eu até te invejo o jeito que você leva a vida. Você medita, isso é incrível. Eu invejo pessoas que meditam. Porque eu eu, eu Pedro, não tenho tempo pra nada. Entendeu isso? Minha vida é frenética, eu estudo, trabalho, trabalho e estudo. E não consigo ficar sem fazer nada por menos de cinco minutos. Sou frenética, frenética, frenética! Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?
Pedro: É?
(tempo. Cris com pesar)
Cris: É.
(silencio)
Pedro: É. (Tempo) Eu entendo você.
Cris: (decepcionada) É?
Pedro: Eu entendo a sua preocupação.
Cris: É?
Pedro: Eu também andei pensando sobre a gente. Sobre tudo isso aí que você falou.
Cris: É?
Pedro: Em como pode ser legal, eu acordar mais cedo pra você me levar para fazer um monte de passeios durante o dia e eu te mostrar como a cidade pode ser linda de noite, entre bares, músicas, e gente de todos os tipos.
Cris: É?
Pedro: Eu adoraria aprender a ter a sua delicadeza. Pra deixar meu modo de falar com as pessoas mais sofisticado, mas cuidadoso, como você mesma diz. Eu me espelharia em você, e você poderia aprender comigo a falar mais o que sente, o que pensa com os outros. Não deixarem as pessoas se aproveitarem da sua delicadeza e saber se colocar mais.
Cris: É?
Pedro: E é verdade. Eu morro de medo de elevador. Não sei o que acontece comigo. Só de pensar começa a dar brotoeja. Deve ser algum trauma de infância , sei lá. Mas só de saber que dez andares dentro daquela caixa pequena, significam você abrir a porta do seu apartamento pra mim e a gente passar uma noite maravilhosa juntos, eu encaro meu medo. (ri) O meu medo vira fichinha. Nada pode ser tão melhor que pegar o elevador pra te ver.
Cris: É?
Pedro: Eu adoro ficar filosofando pra você, aos quatro cantos e a gente conversar até não poder mais. E eu fico louco de alegria ao ver seus olhinhos brilhando quando você me conta uma história, um conto que você tá lendo, sua paixão pelas histórias, pelo ser humano. Meu discurso te inspira, suas histórias me apaixonam.
Cris : É?
Pedro: E fiquei pensando de eu te levar pra conhecer a melhores praias desse país, numa viagem linda pelo litoral, e você poderia me mostrar a serra. Eu adoraria conhecer sua casinha, deitados na rede comendo fruta fresca e nadando no rio.
Cris: É?
Pedro: E eu não cometeria os mesmo erros que cometi no casamento com você. Porque se tem uma coisa importante que aconteceu, é que eu pude me conhecer melhor, e isso pra mim é fundamental para construir uma relação. Eu tenho certeza que você deve ter crescido muito nos seus relacionamentos. Essa união de experiencia ia fazer da gente um casal incrível.
Cris: É?
Pedro: E eu acho o máximo essa sua dedicação frenética aos seus projetos pessoais, aos seus empreendimentos. Isso me ajuda com os meus projetos que também quero realizar. Eu poderia te ensinar a meditar pra te ajudar a ficar menos ansiosa. A gente poderia se dar bem nisso.
Cris: É?
Pedro: É. (tempo) Mas eu entendo que isso pode ser só uma idealização minha. Eu entendo o que você falou, o seu medo. E te respeito e não quero ser um problema na sua vida. Como você mesma disse, nossas diferenças são claras, óbvias e evidentes.
Cris: É?
Pedro: Bom, então eu acho melhor eu ir, né? É melhor, eu acho... (tempo) É... Então... Tchau.
(ele vai saindo)
Cris: Pedro!
(ele se vira pra ela)
Cris: Eu te amo.
FIM
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
SEM DESPEDIDAS
Todo amor perdido
é feito de abismos,
um diálogo inacabado.
É produto de um vazio,
uma falta inexplicável,que só o tempo é capaz de transformar.
Será que depois de tantas voltas,
é possível reencontrar a fonte dos sonhos,deixada pra trás?
Ou perceber um jeito
de olhar pra frente
sem que a ferida interfira no passo?
Pois a pior partida
É quando a morte chega
mesmo sem morrer.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
FRANCISCO E O MUNDO
Estréia amanhã!13/108/2011
FICHA TÉCNICA
idealização do projeto e argumento: Diego Molina, Paulo Giardini e Renata Mizrahi
texto: Renata Mizrahi
direção: Diego Molina
produção: Maria Alice Silvério Lima
elenco: Alexandre Barros, João Vithor Oliveira, Marcia Brasil, Marino Rocha e Paulo Giardini
standin: Bruno Chaves
vozes em off: Eliane Giardini, Paulo Betti e Isadora Medella
cenário: Ana Machado / com colaboração de Aurora dos Campos
projeções cenográficas: André Rumjanek
figurino e visagismo: Bruno Perlatto
iluminação: Anderson Ratto
trilha sonora original e direção musical: Isadora Medella
direção de movimento e preparação corporal: Juliana Medella
design gráfico e ilustrações: Letícia Rumjanek
fotos: Pimenteira Laboratório de Ideias
assessoria de imprensa: Armazém Comunicação
intérprete de Libras: Jadson Abraāo e Davi do Rosário – JDL Acessibilidade na Comunicação
audiodescrição: Nara Monteiro – Cinema Falado
assistência de direção: Alexandre Barros
assistência de figurinos: Stefânia Ferreira
assistência de produção: Valéria Alves
cenotécnica Maranhão e equipe
costureiras: Márcia Jackson (figurinos) e Rosângela Lapas (cenário)
produção e realização: Companhia Teatro de Nós
FRANCISCO E O MUNDO
um espetáculo da Companhia Teatro de Nós
sábados e domingos, às 18:30h
de 13 de agosto a 25 de setembro
de 13 de agosto a 25 de setembro
Centro de Referência Cultura Infância Teatro Municipal do Jockey
ingresso: R$ 20,00 (inteira)
classificação: livre
acessibilidade – sessões com intérpretes de Libras e audiodescrição
Intérpretes de Libras nos dias: 13/08 (Sáb.), 21/08 (Dom.), 27/08 (Sáb.), 04/09 (Dom.), 10/09 (Sáb.), 18/09 (Dom.) e 24/09 (Sáb.).
Audiodescrição nos dias: 27/08 (sáb.) e 18/09 (dom.).
Para mais informações, visite: www.teatrodenos.com
Audiodescrição nos dias: 27/08 (sáb.) e 18/09 (dom.).
Para mais informações, visite: www.teatrodenos.com
FICHA TÉCNICA
idealização do projeto e argumento: Diego Molina, Paulo Giardini e Renata Mizrahi
texto: Renata Mizrahi
direção: Diego Molina
produção: Maria Alice Silvério Lima
elenco: Alexandre Barros, João Vithor Oliveira, Marcia Brasil, Marino Rocha e Paulo Giardini
standin: Bruno Chaves
vozes em off: Eliane Giardini, Paulo Betti e Isadora Medella
cenário: Ana Machado / com colaboração de Aurora dos Campos
projeções cenográficas: André Rumjanek
figurino e visagismo: Bruno Perlatto
iluminação: Anderson Ratto
trilha sonora original e direção musical: Isadora Medella
direção de movimento e preparação corporal: Juliana Medella
design gráfico e ilustrações: Letícia Rumjanek
fotos: Pimenteira Laboratório de Ideias
assessoria de imprensa: Armazém Comunicação
intérprete de Libras: Jadson Abraāo e Davi do Rosário – JDL Acessibilidade na Comunicação
audiodescrição: Nara Monteiro – Cinema Falado
assistência de direção: Alexandre Barros
assistência de figurinos: Stefânia Ferreira
assistência de produção: Valéria Alves
cenotécnica Maranhão e equipe
costureiras: Márcia Jackson (figurinos) e Rosângela Lapas (cenário)
produção e realização: Companhia Teatro de Nós
domingo, 7 de agosto de 2011
DECLARAÇÃO DE AMOR E DESEJO
Eu quero ser a fonte dos novos sonhos
E poder correr livre sem olhar pra trás
A dor que me transformou, vou deixar no caminho
Pra permitir que o novo amor possa chegar com toda merecida honraria
Eu quero estar de olhos abertos bem atentos a tudo o que é novoE aceitá-lo como um presente da vida
Que vou recompensar com toda a minha delicadeza
Cuidando daquilo que me faz feliz
Eu quero ser melhor e maior que tudo o que já fuiPara assumir as novas escolhas
E não ter medo de me soltar no vento
Que me leva par um novo lar
Eu já sinto a veia vibrar novamenteE ouço o corpo falar
A troca mais perfeita
É o desejo de estar junto sem se preocupar.
Para F. L. L.
E poder correr livre sem olhar pra trás
A dor que me transformou, vou deixar no caminho
Pra permitir que o novo amor possa chegar com toda merecida honraria
Eu quero estar de olhos abertos bem atentos a tudo o que é novo
Que vou recompensar com toda a minha delicadeza
Cuidando daquilo que me faz feliz
Eu quero ser melhor e maior que tudo o que já fui
E não ter medo de me soltar no vento
Que me leva par um novo lar
Eu já sinto a veia vibrar novamente
A troca mais perfeita
É o desejo de estar junto sem se preocupar.
Para F. L. L.
domingo, 31 de julho de 2011
MÍNIMO PENSAMENTO PARA UM DOMINGO
O tempo é raro e não dá espaço para o temer
Quero estar onde estão os sonhos desse novo lugar que construo
Como um trem, que anda veloz pelo caminho misterioso
Mesmo sem saber o que virá
Eu posso ir além da curva
Sem sentir pavor ou pesar
Vou descartar muita coisa no caminho
Sem me culpar
Porque isso também é parte do avançar
domingo, 24 de julho de 2011
DOIS
(UM)
Ele é noite,
Ela é dia
Ele é etílico
Ela é chocólatra
Ele é o excretor
Ela é a poetiza
Ele fala tudo o que pensa
Ela é relações pública
Ele não tem medo da boemia
Ela não tem medo de elevador
Ele ia de fusca para a Macumba
Ela ia de monza para o Pepê
Ele não completou Filosofia
Ela não completou História
Ele quer ter uma casa no mar
Ela tem uma casa nas montanhas
Ele morou fora
Ela nunca saiu da cidade
Ele teve uma esposa
Ela teve namorados
Ele leva a vida tranquila
Ela não tem tempo pra nada
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele
Mesmo assim
ou
(DOIS)
Ele quer aproveitar com ela o dia
Ela quer descobrir com ele a noite
Ele quer ser mais saudável
Ela também
Ele aprende com ela a delicadeza
Ela aprende com ele a mostrar seu lado obscuro
Ele quer medir mais suas palavras como ela
Ela procura dizer o que pensa como ele
Ele quer pegar o elevador até décimo andar para vê-la
Ela quer andar à noite pela boemia de mãso dadas
Ele gosta de ter ido de fusca pra Macumba
Ela ama a sua infância na praia do Pepê
Ele adora filosofar para ela
Ela é apaixonada pelas histórias que conta para ele
Ele se conheceu melhor no casamento
Ela cresceu nos relacionamentos
Ele morou em muitos lugares
Ela quer conhecer esses lugares
Ele vai levá-la para a praia
Ela vai levá-lo para a serra
Ele quer se dedicar mais aos seus projetos
Ela quer ter mais tempo para passar com ele
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele
Exatamente assim...
Ele é noite,
Ela é dia
Ele é etílico
Ela é chocólatra
Ele é o excretor
Ela é a poetiza
Ele fala tudo o que pensa
Ela é relações pública
Ele não tem medo da boemia
Ela não tem medo de elevador
Ele ia de fusca para a Macumba
Ela ia de monza para o Pepê
Ele não completou Filosofia
Ela não completou História
Ele quer ter uma casa no mar
Ela tem uma casa nas montanhas
Ele morou fora
Ela nunca saiu da cidade
Ele teve uma esposa
Ela teve namorados
Ele leva a vida tranquila
Ela não tem tempo pra nada
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele
Mesmo assim
ou
(DOIS)
Ele quer aproveitar com ela o dia
Ela quer descobrir com ele a noite
Ele quer ser mais saudável
Ela também
Ele aprende com ela a delicadeza
Ela aprende com ele a mostrar seu lado obscuro
Ele quer medir mais suas palavras como ela
Ela procura dizer o que pensa como ele
Ele quer pegar o elevador até décimo andar para vê-la
Ela quer andar à noite pela boemia de mãso dadas
Ele gosta de ter ido de fusca pra Macumba
Ela ama a sua infância na praia do Pepê
Ele adora filosofar para ela
Ela é apaixonada pelas histórias que conta para ele
Ele se conheceu melhor no casamento
Ela cresceu nos relacionamentos
Ele morou em muitos lugares
Ela quer conhecer esses lugares
Ele vai levá-la para a praia
Ela vai levá-lo para a serra
Ele quer se dedicar mais aos seus projetos
Ela quer ter mais tempo para passar com ele
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele
Exatamente assim...
segunda-feira, 18 de julho de 2011
O PALHAÇO E A BAILARINA
A poesia é a síntese das palavras. É aquilo que o acaso imaginou. É o êxtase que faz do real a maravilha. É o impossível que já se realizou .
O palhaço encontrou a bailarina. E num instante o tumulto se esvaiu. Era como se o mundo fosse um pingo. E a solidão da folia sucumbiu.
O palhaço cumprimentou a bailarina. A bailarina pela primeira vez chorou. Não chorou por medo do palhaço. E sim porque finalmente alguém sorriu.
O palhaço não sorriu por estar bêbado. Muito menos por causa do batuque ensurdecedor. Se sorriu foi porque viu na bailarina, a beleza escondida atrás da dor.
Eles eram colegas de trabalho. Mas no trabalho nem diziam “oi”. A opressão do corporativismo rompe. E no carnaval sem perceber ela se foi.
Ele pede a mão da bailarina. Só queria dançar pelo salão. Já eram mais de cinco da matina. O clareza dispensava a escuridão.
A bailarina já não tinha sapatilha. Eram apenas pequenos pés no chão. Mesmo assim rodopiou feito Ana Botafogo. E o palhaço não soltava a sua mão.
Eram apenas colegas de trabalho. Mas agora eram homem e mulher. O palhaço a bailarina dançam. Ele se chamava Paulo e ela se chamava Ester.
O momento transforma tudo em eternidade. E num instante o que não era transformou. O palhaço quis beijar a bailarina. E cautelosa por fim ela deixou.
Eles eram colegas de trabalho. Mas agora pertenciam ao carnaval. O palhaço e bailarina juntos. Eram como a lua completando o sol.
De repente a multidão invade. E o salão parecia explodir. O palhaço e bailarina correm. Quem sabe já não era hora de partir?
Eles param em frente ao horizonte. Rio de janeiro, praia, mar, calor. Quarta Feira de Cinzas vem surgindo. E com ela se consome o amor.
Amanhã é dia de trabalho. Quem sabe eles já se digam “olá”. Mas se não, o que importa é o hoje. O agora é que vai ficar.
Daqui a pouco eles vão se despedir. Esse momento deve acontecer. O palhaço e a bailarina juntos. Isso nunca iriam esquecer.
O palhaço amanhã é Paulo. A bailarina talvez seja Ester. E quem sabe nem se digam nada. Porque Paulo não sabe quem ela é.
Mas quando Paulo for palhaço. E Ester quem sabe bailarina. Dancem juntos por toda eternidade. Agora sim. Como homem e mulher.
FIM
O palhaço encontrou a bailarina. E num instante o tumulto se esvaiu. Era como se o mundo fosse um pingo. E a solidão da folia sucumbiu.
O palhaço cumprimentou a bailarina. A bailarina pela primeira vez chorou. Não chorou por medo do palhaço. E sim porque finalmente alguém sorriu.
O palhaço não sorriu por estar bêbado. Muito menos por causa do batuque ensurdecedor. Se sorriu foi porque viu na bailarina, a beleza escondida atrás da dor.
Eles eram colegas de trabalho. Mas no trabalho nem diziam “oi”. A opressão do corporativismo rompe. E no carnaval sem perceber ela se foi.
Ele pede a mão da bailarina. Só queria dançar pelo salão. Já eram mais de cinco da matina. O clareza dispensava a escuridão.
A bailarina já não tinha sapatilha. Eram apenas pequenos pés no chão. Mesmo assim rodopiou feito Ana Botafogo. E o palhaço não soltava a sua mão.
Eram apenas colegas de trabalho. Mas agora eram homem e mulher. O palhaço a bailarina dançam. Ele se chamava Paulo e ela se chamava Ester.
O momento transforma tudo em eternidade. E num instante o que não era transformou. O palhaço quis beijar a bailarina. E cautelosa por fim ela deixou.
Eles eram colegas de trabalho. Mas agora pertenciam ao carnaval. O palhaço e bailarina juntos. Eram como a lua completando o sol.
De repente a multidão invade. E o salão parecia explodir. O palhaço e bailarina correm. Quem sabe já não era hora de partir?
Eles param em frente ao horizonte. Rio de janeiro, praia, mar, calor. Quarta Feira de Cinzas vem surgindo. E com ela se consome o amor.
Amanhã é dia de trabalho. Quem sabe eles já se digam “olá”. Mas se não, o que importa é o hoje. O agora é que vai ficar.
Daqui a pouco eles vão se despedir. Esse momento deve acontecer. O palhaço e a bailarina juntos. Isso nunca iriam esquecer.
O palhaço amanhã é Paulo. A bailarina talvez seja Ester. E quem sabe nem se digam nada. Porque Paulo não sabe quem ela é.
Mas quando Paulo for palhaço. E Ester quem sabe bailarina. Dancem juntos por toda eternidade. Agora sim. Como homem e mulher.
FIM
quinta-feira, 14 de julho de 2011
TANTO QUERER
- Eu te quero!
- Eu não te quero agora!
- Mas agora eu não!
- Eu não te quero agora!
- Não?
- Mentira, te quero agora.
- Mas agora eu não!
- Por quê?
- Me dá a lua primeiro.
- Só tenho o sol.
- EU quero descanso de janeiro.
- Prefiro o caos do carnaval
- Eu quero ir embora.
- Eu quero ir embora.
- Eu te quero mal.
- Eu vou embora então.
- E eu te quero bem.
- Me solta.
- Eu te amo.
- Tanto tempo juntos
- Quanta harmonia.
- Adeus.
- E eu te quero sem fim.
- Mesmo eu querendo tudo?
- Até o que não há em mim.
(Se beijam.)
FIM
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