terça-feira, 6 de julho de 2010

O HOMEM CONCRETO

Por fora tem graça, um ser boa praça que todo mundo quer.
Por dentro tem lascas de uma amargura que nem sabe o que é
Lá fora caminha de rua em rua, sorri pra quem quiser
Lá dentro ele chora e nem sabe a hora que acorda pro café.


E segue de fora pra dentro de dentro pra fora tentando disfarçar
A dor que o devora, assola, assombra, escória da vida, ferida convicta que chega pra ficar.
Ao andar nas calçadas é tudo, é todo, pessoas vão olhar.
Nos bares errantes, o mais elegante, mulheres vão chegar.
No trabalho ele engana, firmeza , destreza, o cargo que almeja vai ganhar.
Nas festas anima, dança, fascina sem hora pra acabar.


Mas no apartamento, parede concreta, não tem pra quem sorrir.
Acaba sofrendo de tanto vazio, sem ter pra onde ir.
É o homem imperfeito, com todo direito, podendo até fugir.
Buscando um sentido pra toda bagunça, precisa prosseguir.


E dorme de novo, o dia chegando, nem lembra o que sonhou.
Coloca a roupa, querendo andar nu, mas seu celular tocou.
Não era ninguém, talvez era sim, precisava ser alguém.
Alguém que o salvasse, o chamasse, o amasse, fizesse o que quiser.
E então como sempre, encarou seu presente e pra vida retornou.
Fingiu um sorriso, um quê de alegria e a porta ele fechou.
Foi sempre sabendo que a sua essência, um dia ele deixou.

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