segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A BELEZA (para mim)

A alegria está na simplicidade
e a simplicidade, na delicadeza

Viver é perceber a sutileza
que se esconde atrás de cada fenda do segundo

Cuidar da sensibilidade
é estar em plenitude com a beleza.

Saber amar é o mesmo que felicidade
e a felicidade é valorizar

O choro limpa o medo da alma.

Ouvir a alma é dormir em paz.
 
 
(amém)
 
http://www.youtube.com/watch?v=7t-q2YqUvAo

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O ESSENCIAL É O QUE FICA

Pedi pro céu
Não me afastar
Do seu olhar
Sozinho
Improvisei
Um outro amor
Pra te mostrar
O meu caminho

Volta pra cá
Eu vou saber
Recompensar
E desfazer
As suas mágoas...

Foi tanta água
Que saiu de mim.

Agora eu vou
Até o fim
Dessa canção
Quem sabe assim
Um dia volto
A te fazer
Feliz ...

O que ficou
Não foi a dor
Nem seu olhar
Perdido
Foi um grande amor
Que eternizou
O essencial
Tão lindo.

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SIGA

A gente acha que a saudade acaba

Mas ela fica guardada, escondida

Brincando lentamente com o tempo

Que é para a lembrança não transbordar.


Quando sugere, a gente segue

Quando aparece, a gente finge

Quando chega, a gente cala


Mesmo o ser mais alegre quando tem uma brecha, chora

Toda a porta que se fecha deixa uma fresta

Por onde passa a memória

Que nem sempre escolhe a melhor hora do destino

E, faceira, teima em se revelar



Quando sugere, a gente finge

Quando aparece, a gente cala

Quando chega,



A gente segue.
 
...

DESACELERAR

Corre corrente corrida

A vida já passou e eu não vi

Por que esse passo esbaforido,

Se na verdade tudo chega no seu fim?


Pressa se apressa e não dispersa

Nosso tempo tá sem tempo de parar

Não olhe pra trás nem um segundo, meu amor

Se não a sorte pode até te atropelar


Plano planejado que plana por aí

Planeja um dia se realizar

Vivendo atrás dos bons e velhos ventos

Que sopram mesmo para nos fazer sonhar


Enquanto corro faço essa canção

Quem sabe um dia ela até possa tocar

Talvez o casamento da letra e a melodia

Seja a alma do samba no altar


Enquanto o povo anseia

A música é que acalma

E é só ela para me desacelerar

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ANDORINHA

Quando olhei pra trás, consegui me ver
O que não sou mais
E me perguntei se eu estaria assim se ficasse lá.
Hoje eu percebi que o que teve fim, quase me acabou.
E o que ficou, profunda solidão, me fortificou.


Bravo coração que se adaptou ao que não tinha
Esperou o tempo sarar a ferida que não saia
Teve que entender que o seu amor
Era o ser errante que por medo ou pudor
Não sabia.


Apesar da dor, teve que seguir para o que viria.
Por fora ele ensinou, por dentro ainda aprendia
Nada pode ser mais triste que o descuido
De um alguém que já te amou um dia


Quando olhei pra trás, consegui me ver
O que não sou mais.
Então percebi como me salvei do que eu não fui e que jamais seria.
Aprendi a voar de dentro pra fora
Como andorinha.

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO


Ela: Meu amor? Parece que foi ontem quando a gente se conheceu. Lembra? Eu tava toda suja, descabelada naquele temporal.

Ele: Temporal? Não foi na praia?

Ela: Praia? Não! Lembra? Eu tava no meio da rua chorando porque o meu sapato tinha saído do pé e você me pegou no colo.

Ele: No colo? Eu me lembro que a Carlinha me apresentou pra você.

Ela: Carlinha?

Ele: É, a sua melhor amiga.

Ela: Meu amor, eu nunca tive uma amiga chamada Carlinha e muito menos melhor amiga.

(silêncio)

Ele: Então...

Ela: Essa história não foi comigo, foi com outra! Você tá confundindo tudo!

Ele: Meu Deus! Verdade! Desculpa. Essa história foi com a Marcela...

Ela: Não fala o nome da sua ex!

Ele: Foi mal. Mas...peraí! Eu não me lembro de nenhuma chuva, nenhum temporal, nem ter te carregado no colo.

Ela: Como não? Eu me lembro bem. Você me disse que aquilo tudo parecia um sonho. Que era uma honra me carregar no colo.

Ele: Caramba, eu não to conseguindo lembrar...

Ela: Não lembra? Você se apresentou como Totonho...

Ele: Totonho?

Ela: (percebe que falou besteira) Deixa pra lá.

Ele: Eu nunca me apresentei como Totonho pra ninguém.

Ela: Deixa pra lá. Esquece.

Ele: Esquece? Quem é Totonho?

Ela: Ninguém.

Ele: Como ninguém? Um cara chamado Totonho te pegou no colo no meio do temporal e você me diz que não é ninguém?

Ela: Ninguém importante.

Ele: Tá vendo? Você também tá me confundindo com outro cara!

Ela: Desculpa. Na minha memória esse cara era você. Que nem você me confundiu com a ex na praia.

Ele: Que triste.

Ela: Pois é...

(silêncio- os dois estão tristes)

Ela: Meu amor?

Ele: Oi.

Ela: Como foi então que a gente se conheceu?

Ele: Eu tô tentando me lembrar.

Ela: Eu também.

(tempo. Eles tentam lembrar)

Ele: No cinema?

Ela: Não.

Ele: É verdade. No cinema foi com a Débora.

Ela: Na festa do Carlos?

Ele: Quem é Carlos?

Ela: Então não foi.

(tempo. Eles pensam)

Ele: Ah!

Ela: Lembrou?

Ele : (desiste) Não, não... Tava pensando na minha mãe.

(Ela desanima)

Ela: Ah!

Ele: Onde?

Ela: Não... lembrei que eu tenho que pagar uma conta.

(Eles desanimam)

Ele: É... tá difícil.

Ela: Felipe?

Ele: Felipe? Quem é Felipe? (ela fica muito assustada) Brincadeira! Só pra gente descontrair.

(Ela ri)

Ele: Adoro quando você ri assim.
(Ela ri)

Ele: Sabe de uma coisa? Dane-se essas convenções da memória.

Ela: É. Dane-se!

Ele: E se a gente inventasse a história do nosso encontro?

Ela: Invetasse?

Ele: É! Uma história incrível, melhor que de cinema, quase impossível. Assim nenhuma outra que já vivemos poderia ser tão melhor que essa.

(tempo)

Ela: Posso começar?

Ele: Vai.

Ela: Então. A gente se conheceu num por do sol no sul do Chile. Eu tava a passeio...

Ele: E eu fazendo intercâmbio.

Ela: É! Eu estava assustada porque tava meio perdida...

Ele: E você me pediu informação.

Ela: Em castelhano.

Ele: Mas você não sabia falar nada.

Ela: E nem sabia que você era brasileiro.

Ele: Então eu comecei a rir do seu jeito atrapalhado.

Ela: E eu acabei falando alguma coisa em português.

Ele: Então eu descobri que você era brasileira.

Ela: E você me ajudou a me localizar.

Ele: E passamos a tarde juntos.

Ela: Em frente as montanhas.

Ela: E fomos tomar um vinho num lugar lindo

Ele: Que tocava Cat Stevens

Ela: E você me disse que meu sorriso era lindo.

Ele: E você me disse que nunca se sentiu tão a vontade com alguém.

Ela: E você me tirou pra dançar.

Ele: E a música acabou, mas continuamos dançando.

Ela: E você disse que não queria mais se separar de mim.

Ele: E você disse que seu coração tava disparado.

Ela: E você me beijou.

Ele: E você me disse que isso parecia um sonho.

Ela: E você disse que aquele momento era tão bom, que a gente ia lembrar em toda ocasião muito especial.

Ele: E que a gente ia fingir que esqueceu, só pra quebrar a seriedade.

Ela: Mas que depois da brincadeira a gente ia relembrar e pegar a foto que marcou esse encontro.

(ela pega a foto)

Ele: (vendo a foto) Pra nunca deixar de valorizar o que nos uniu.

Ela: Feliz aniversário de namoro!

(eles se beijam)

FIM

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DIETAS

É tanta coisa que é preciso restringir

Modos, riso alto, palavrão.
Comida, então... Quanta restrição!
Para quê?
Um modo ilustrado de viver.
Mas espera aí!
To escrevendo isso e daqui vou sair
Para me exercitar, malhar. Não posso cair!
Tá vendo! É fácil escrever.
Mas também não consigo fugir.
Dieta que a vida impõe para se definir
A rumba só pode tocar na noite
A batata só no fim de semana
O choro só em situações limites
O riso só no filme do Chaplin
A roupa rasgada só pra ficar em casa
Gritar de repente, nem pensar.
Melhor esperar entrar na montanha russa.
E se não há, então não dá.
Beber depois das oito que é pra não pegar mal.
E sozinho, melhor não.
Beijar, como é bom. Mas assim a luz do dia? Também não!
Ser gentil, até o ponto certo.
Ser rude? Tenta disfarçar! Sorria com a boca e engole seco pra não assustar.
Dieta não está só nos Vigilantes nem consultórios de nutrição.
Dieta está em toda parte, sinônimo de restrição.
Mas a pior de todas as dietas,
É ter que restringir o coração.

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

DA ESQUINA

Na esquina eu escuto a música que me leva

Para além de.
Que me tira desse impacto.
O impacto que chega aos poucos.
Como todo trauma despercebido.
Que a gente finge que esquece.
Que a gente finge que não acontece.




Paralisado no tempo, respiro o outro lado da esquina
Me deparo com o Clube


Responsável pelo movimento
O transporte
E ao ouvir os primeiros acordes
Os acorde do teclado mágico
E a voz escancarada do mundo superior
Já fui longe
Já escorreu a água dos olhos.
Já sou.


Esse canal que diz que o
Que vejo, ouço, sinto
É tão limitado e tenta, tenta, tenta
Ultrapassar a barreira invisível, concreta e dura
Quebra-a, solta, voa e vibra.


Vento solar
E eu ainda quero morar com.
E ainda quero mesmo morar com.
Se eu morrer é só a lua.
Roubo as as palavras da mesma rua que eu conheci
Num momento peculiar da existência
Impresso no corpo
Já não se sai ao vento.


E lá se vai.
Vai.
Mais.
Um.
Dia.

Em qualquer direção

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sábado, 18 de setembro de 2010

NÃO EU


Sim, meu eu.
Terei que te guardar aí.
Não posso mais ser você.
Não dá.
Desculpe.
Não adianta implorar.
Eu sei.
Vai ser difícil.
Mas dessa vez não vou te ouvir.
Nem se você, eu, começar a cantar
Aquele Blues que fazemos quando queremos
Ou aquele Folk tipo Tom Waits
Que nos faz lembrar.
E nos faz esquecer.
Mas não pense que é descaso, eu.
Não é.
Você sabe o quanto tudo.
E só tempo.
Não pergunte.
São eles.
Não cabemos.
Se assustam.
Pois é.
Não sofra.
Quando se sentir sozinho,
Passeie pelas ruas
Longe de você, de mim
Quem sabe?
E assim, oculto, poderá até chorar e rir
Eu vou te ouvir.
Não vou te amparar.
Mas saberei de você, de mim. 
Não é você.
Não sou eu.
Não eu.
Mas é assim que tem que ser.
Se for você, eu,
Se a gente ser,
Não vai ter.
Depois prometo.
Te resgato.
Aí.
Pra você, eu, nunca se, me perder.
E não nos esquecermos do quanto fomos felizes.
E quanto ainda vamos ser.
Porque
Não se esqueça.
Se pudesse escolher,
Escolheria eu,
Você.


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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

CANÇÃO DAS HORAS DELE

Às sete horas acordou inteiro
Tomou café com um sorriso estampado.

Se alimentou com um pão com manteiga,
Que era quentinho do jeito que ele gostava.




Às oito horas já se arrumava,
E a manhã era ensolarada.
Queria ter o mundo de uma vez,
Hoje é sexta feira, ele sai às seis.


Às oito quinze ele se despedia,
Sua mulher hoje não trabalharia.
Iria esperá-lo em casa,
Para um jantarzinho que há muito não faziam.


Às nove horas já estava no trânsito,
Uma musiquinha na rádio pra relaxar.
Mas o caminho era um pouco longo,
E um barbeiro fez ele se atrasar


Às dez e quinze chegou no trabalho,
E o seu chefe, como sempre, reclamou:
“Como é que pode um funcionário como ele,
Chegar tão tarde sem se explicar?”


Às onze horas ele já suava.
No escritória não tinha ar.
E o seu terno era tão escuro,
Que o calor não dava pra aguentar.


Ao meio dia já sentia fome,
Mas não podia sair sem terminar.
Enquanto trabalhava dando duro,
Só pensava na hora de almoçar.


Uma da tarde, ele largou tudo.
Não dava mais para se concentrar.
Avisou que sairia
E num bar da esquina foi se alimentar.


Às uma e meia ele já voltava,
Mais uma vez seu chefe foi falar:
“Aonde foi que você se meteu,
Quando eu te chamei e você não tava lá?”


Duas tarde ele se coçava,
Pensava na esposa a lhe esperar.
Sabia que ela usaria
O tal vestido que o faria suspirar.


Duas meia chegou mais trabalho.
Uma pilha de papéis para assinar.
Com tanta coisa, ficou desesperado.
Já imaginava que seu tempo ia se esgotar.


Às três da tarde era um mal -humorado.
Tão mal-humorado que só sabia reclamar:
“A vida tá uma porcaria,
Tudo o que eu quero é viajar”


Quatro da tarde estava ansioso.
Daqui a pouco o escritória vai fechar.
Então esboçou um sorriso
E já assinava tudo pensando na voltar ao lar.


Só que as cinco o chefe o chamou.
Era um assunto muito importante.
Começou a falar demais,
E ele se enervava sem demonstrar.


Às seis horas nem imaginava
Quanto tempo mais teria que aguentar.
Ouvir o seu chefe falando era como um pesadelo,
Um sonho horroroso sem ter como acordar.


Às seis e meia sua mulher ligou,
Mas ele não tinha o que fazer.
Sabia que se atendesse,
Ela diria: “Cadê você?”


Às sete horas tava desesperado.
Olhou pra janela e pensou em se jogar.
Mas aí lembrou da mulher
E pediu licença pra telefonar.


Ao falar com ela, ele se explicou.
Mas infelizmente ela não acreditou.
Ameaçou deixar a vida dele,
Se ele não dissesse com quem está.


E o seu chefe o chamou de novo.
Quase que ele pediu demissão.
E aí lembrou dos futuros filhos
E não quis que eles só comessem pão.


Às oito horas, foi liberado.
Mas sua cara estava no chão.
E cheio de amargura,
Voltou pra casa pior que comida de avião.


Sua mulher só gritava,
Achava que era traída com uma qualquer
E ele não tinha forças para lhe dizer
Que não tinha outra mulher.


Às nove horas foi dormir bem triste.
Tão triste que nada comeu.
O jantarzinho quase estragou
Pois para eles o casamento terminou.


Em nos seus sonhos ele dançava.
Sua vida ali era a que gostaria de ter.
Então pensou: “Pra que acordar
Se naquele sonho ele poderia ser? ”


À meia noite teve um sobre-salto,
E acordou sem nada dizer
Foi caminhado até o banheiro
E no espelho ele quis se ver..


Sem perceber, começou a chorar.
Um choro contido que depois desabou.
Era um bebê precisando de colo,
Uma criancinha precisando de amor.


Duas da manhã se ergueu ligeiro,
Foi até a porta da sala e a abriu
Olhou pra toda sua vida de longe,
E sem mais pensar ele partiu.


Sábado, meio dia, foi encontrado
Nadava nu na praia do Leblon.
E feliz com o que tinha feito
Não ligaria se o chamassem de doidão.


Era melhor assim que não sorrir.
Aquela vida não queria mais não!

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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AO TEMPO PALAVRAS


Às vezes a gente acorda muito forte e tem um imenso fôlego pra continuar

Outras vezes alguma coisa se enfraquece e a gente chora logo ao acordar
Um dia pode ter muitas feridas, mas também pode ser umdia bom para danar
É bom agarrar cada momento, mas muitas vezes o deixamos escapar


Às vezes a gente quer fazer de tudo sem dar tempo de tudo terminar
Outras vezes não queremos fazer nada e disfarçamos para nada nos culpar
E tem a saudade muito forte, que sai de dentro, ou de fora quer chegar
Saudade por muitas coisas escondidas, mas às vezes percebida, faz questão de se mostrar


O tempo vai passando lentamente, e nesse tempo nem sentimos ele passar
O sentimento engana toda gente, se estamos bem, só pensamos em gritar
Um grito quase todo no silêncio, pedindo aos céus, por favor me faça olhar
Olhar para as coisas verdadeiras, para que a gente possa se elevar.

Às vezes só queremos um carinho para angustia se acalmar
Outras vezes , um pouquinho de tristeza para angustia poder se amparar
Depois da tristeza, alegria, como que dizendo que tudo vai passar
E então nos soltamos no segundo, deixando o tempo da gente respirar.




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terça-feira, 14 de setembro de 2010

SANTO DOMINGO EM SANTA


Dia calmo e angustiante é esse domingo

Que aperta o peito quando a resposta não chega

A tarde alheia aos desejos íntimos, passa, devasta a alma e

A gente pede colo à natureza

A fim de aplacar o coração com caminhadas errantes

Que iludem a solidão

Eis que surge uma saída
É ela, Santa Tereza
Com seus bares, suas belezas
Onde Noel Rosa não pagou a despesa
E fez história naquela mesa
De Guimarães e Das Neves
Nos mostrou que as coisas podem ser mais leves.


E de sambinha a Tim Maia,
De chorinho a Jorge Bem
Na ciranda do maracatu
Tem espaço para o funk também


E o domingo quase triste
Sofre uma peripécia
De festas e companhias
Que buscam juntos em momentos únicos
Epifanias


É o Rio de babados e refúgios
De novos amigos e velhos carnavais
Que fazem de um dia quase despercebido
Uma alegria em um tom a mais.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DEPOIS DO SONHO

Ouvir o compasso da música   

através desses dias intensos
que passam feito rojão
onde quando não existe o tempo
apenas notas soltas de ilusão

seguindo a dança da vida
deixando-se levar além
sem palavras findas
nem repostas de alguém

é o sono que desperta o sonho
e no sonho se desperta o olhar
que não desperta na manhã
nem quando o olho despertar

são minúsculas cantigas
 gotas, gotículas
enriquecem o segundo breve
e deixa a vida quase leve
para o coração aguentar.

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terça-feira, 31 de agosto de 2010

CENA IMPRESSA

Caros leitores!

Hoje, dia 31, às 19 na Livraria da Travessa do Shopping Leblon,
no Rio de Janeiro.

Eu mais 9 autores estaremos lançando o livro "Cena Impressa".
Um livro onde cada autor publicou 1 cena de teatro, e como é seu processo de criação de texto.
Minha cena se chama "The End" e o meu texto de processo se chama "Desafios"

Receberemos todos com um coquetel.
Quem puder ir será muito bem vindo!
Estamos muito felizes por essa realização.

CENA IMPRESSA - Volume 1 - Teatro à la carte


Autores: Camilo Pellegrini, César Amorim, Diego Molina, Felipe Barenco, Jô Bilac, Julia Spadaccini, Larissa Câmara, Leandro Muniz, Renata Mizrahi e Rodrigo Nogueira

Organização: Diego Molina
Apresentação: João Falcão
Orelha: Tania Brandão
Capa: Bruno Perlatto
Revisão: Bruno Alexander
Assessoria de Imprensa: Armazém Comunicação
All Print Editora, 120 ps

sábado, 28 de agosto de 2010

A MULHER QUE TRANSBORDAVA


Enquanto todos caminhavam , ela dançava.

Enquanto todos só sorriam, gargalhava.
Enquanto todos respiravam, suspirava.
Enquanto todos reclamavam, ela gritava.


Enquanto todos só pensavam, ela agia.
Enquanto todos entristeciam, ela sofria.
Enquanto todos questionavam, ela rangia.
Enquanto todos esquentavam, ela ardia.


Esperavam, ela surgia.
Separavam, libertava.
Sugeriam, surpreendia.
Flertavam, ela amava.

Era a mulher que transbordava.

Única, sem pudores, nem agonias.
Enquanto todos se preparavam
Ela vivia!

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terça-feira, 24 de agosto de 2010

CAMINHOS


Caminhos turvos com meu canto

Vou andando na estrada sem saber o que vem após a curva
Tentando disfarçar o medo
Pra quando cumprimentar o desconhecido
Parecer simpática.


Então continuo cantando baixinho
A fim de me salvar da solidão
Disfarçando o imenso amor que tenho dentro
Para não assustar ninguém


E faço barulho
Para aplacar o silêncio imenso
Que me consome por dentro
Se a vida é um mistério
Eu sou uma pergunta


Não há como compreender a estrada
Pois ela mesma não sabe onde vai chegar
Só resta ir seguindo buscando um jeito de não parar
Tomara que eu entenda como agir quando tiver que ver
o que tiver que ser.

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domingo, 22 de agosto de 2010

QUE VENHA O SOM...



Que venha o som


da delicadeza,

do fim da tristeza,

das águas do mar.

Que venha a luz

das mãos do poeta,

de toda clareza,

vem sem  voltar.

Que venha o canto

daquela menina,

que fica mais linda,

no brilho daquele olhar.

E vai a vida

com loucos segredos,

caminhos e enredos,

é nela que vou ficar.
 
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O NOSSO CAIS

Vamos nos lançar na estrada de nossas escolhas  

E nos reconhecer nas nossas vitórias
E nos orgulhar das nossas histórias
Que ficarão eternas na memória


Iremos longe no convés 
E felizes navegaremos além
Para um outro um mar
Construído em nossas conexões
Que compartilharemos a distância
Aproximando nossas almas
E assim seremos mais


Para que possamos sorrir
Vamos celebrar o amor
Que por amor se transformou
Em riqueza transcendental


E assim seguiremos adiante
Rumo ao que quisermos
Ao que tiver que ser
Sem sofrer


Caminhos opostos na vida já não nos assustam
Porque já somos mais
E daqui, do nosso cais, nos vemos longe 
Partindo desse mundo.

http://www.youtube.com/watch?v=pgvi7_MyBxY&feature=related



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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

OS DONOS DA LUZ

Quem será que reinventa a Luz
Quando estamos atrelado aos erros.
Mas quem sabe erro é um acerto de contas com crescimento.
Quando nasce o sol e vemos o dia disparar o tempo,
Nos faz agir antes do pensamento,
Caímos na armadilha do momento.
E quem será que reinventa a Luz
Quando ela nos diz que o tempo é lento.


Quem será que reinventa a Luz
Quando precisamos valorizar o presente,
Sem passados que passaram e futuro inexistentes.
E o tempo obedece o agora?
Seria bom lançarmos a corda,
Para segurará-lo e não mandá-lo embora.
Quando tempo eleva a Luz,
Viramos a corda.


Quem será que reinventa Luz
Quando somos outros e não podemos,
Ou queremos e não sabemos como,
Ou precisamos ser outros podendo e sabendo,
E, sendo, seremos melhores outros.


Quem será que reinventa a Luz
Quando passamos na estrada,
Pisamos com passos tão fundos
Chegamos em outras moradas,
Até o outro lado do mundo
Só pra entender nossas falas.


Quem será que reinventa a Luz
Quando nos perdemos no tempo,
E reinventamos o amor
Para não nos perdemos na dor.


Quem será que nos dirá que a Luz se reinventará,
Quando respirarmos lentamente, olharmos para frente,
Abrirmos os braços intensamente
E ver o tempo elevando a Luz.
Para sermos a corda que enlaça o presente.

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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Epifanias no Café



Mulher no Café espera. Bebe um gole do expresso. Come um pedaço de pão de queijo. Olha para a rua. Será que ele vem? Bebe um gole. Finge ler. Ar blasé para quando ele chegar. Ajeita a roupa. Passa um batom. Morde mais um pedaço. Pensa em fumar. Lembra que não fuma. Passa a mão no cabelo. Olha para a rua. Lembra dele. A loja de CDs na frente. Vê gente chegando. Um homem de chapéu. Bebe mais um gole. Olha para o lado. Sente um calafrio. Vê as horas. Ele não chega. Lembra dele. Olha para suas unhas. Estão feitas. Pintadas de branco. Discreto. Olha para a rua. Entra a mãe e um filho. Bebe um gole pequeno. O café não pode acabar. Lembra dele. Lembra deles. Ela e ele. Tenta esquecer. Olha o cardápio. Talvez um brownie. Pode sujar. Melhor não. Engorda. Pega o livro. Lê três linhas. Olha para a rua. Lê de novo as três linhas. Olha para a rua. Fecha o livro. Olha as horas. Cruza as pernas. Entra uma senhora. Morde o pão de queijo. Lembra dele. Tenta esquecer. Olha para a loja em frente. Passa um ônibus. Bebe um gole. Descruza as pernas. Liga para alguém. Desiste. Passa a mão no cabelo. Ajeita o grampo. Olha pra rua. Lembra dele. O chapéu. Mais um gole. Acabou. O café? Ele. Ele não vem. Mais. Levanta. Paga. Olha para a rua. Tenta esquecer. Ameaça sair. Olha as horas. Vai embora. Não se mexe. Tanta gente. Esquece. Vai. Volta. Olha as horas. Cinco da tarde. Tá na hora. Tenta esquecer. Olha a rua. Um chapéu. É ele? Respira. Esquecer. Não. É ele. Talvez. Por quê? Não pode. Se olha no espelho. Epifania. Lembra-se. Acabou. Pensa em chorar. Sorri. Olha as horas. Olha a rua. Acabou. O café? Tem que esquecer. Ele não vem. Ele não vinha. Ela vai.


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